O Jornal Tambor dessa segunda-feira (22/08) entrevistou Igor de Sousa, antropólogo que atua junto a pastorais sociais da Igreja Católica, pesquisa sobre violência antinegra e a situação das quebradeiras de coco babaçu no Maranhão.
(Veja, ao final desse texto, essa edição do Jornal Tambor, com a entrevista de Igor de Sousa)
Igor concedeu entrevista falando sobre a grave denúncia de racismo feita por quebradeiras de coco babaçu, na semana passada. Elas são da comunidade quilombola Santa Maria dos Tejus, no município de Viana-MA, localizado a 214 Km de São Luís. Elas estão impedidas de trabalhar há mais de dois meses.
A proibição se deu após um incidente que levou as trabalhadoras até uma Delegacia de Polícia, onde fizeram um Boletim de Ocorrência, denunciando agressões verbais e ofensas racistas, que teriam sofrido do fazendeiro Levi Pacheco. Ele estaria impedindo as trabalhadoras de acessar a área onde as mulheres costumam fazer a coleta do coco. Um inquérito teria sido aberto, mas até o momento nada foi resolvido.
Segundo Igor, o episódio que aconteceu contra as quebradeiras de coco pode ser interpretado como “uma negação de direitos”, porque elas foram impedidas e ameaçadas de trabalhar nos babaçuais, sendo alvo de “racismo explícito”.
Para o antropólogo a violência sofrida por essas mulheres passa por questões trabalhistas, mas também pela cultural. “Não é uma agressão pura e simplesmente contra trabalhadoras, que já seria uma agressão enorme. Estamos lidando com uma agressão contra povos e comunidades tradicionais, que deveriam no mínimo está sendo auxiliados nesse período tão difícil de fome e crise em larga escala”, explicou Igor.
Nenhuma autoridade pública se pronunciou diante do ocorrido para solucionar o problema. A mídia conservadora do Maranhão finge que não sabe. O silenciamento a respeito do caso contribui para a sua impunidade.
Igor disse que essas mulheres estão sendo “impedidas de sobreviver”, pois tiram seu sustento apenas da coleta e quebra do coco babaçu.
O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) prepara uma manifestação, com o objetivo de pressionar as autoridades a se posicionarem, para que o problema seja resolvido.
(Veja abaixo, em nosso canal do Youtube, o Jornal Tambor com a entrevista completa de Igor de Sousa)