Foto: casas queimadas na comunidade Bom Acerto, em Balsas – MA A comunidade de Bom Acerto, no município de Balsas (MA), sofreu novos ataques em 23 de agosto deste ano. Casas de trabalhadores rurais foram queimadas. Todos os pertences das famílias atingidas foram destruídos e animais de estimação foram mortos em meio ao fogo.
Os moradores, em sua maioria idosos, denunciam que a “ação criminosa” foi feita por grileiros da região.
Segundo as denúncias, o “clima é de horror”. Em 2020 famílias dessa mesma comunidade foram expulsas de forma violenta, seguindo uma inaceitável ordem judicial.
Na época, em plena pandemia, as pessoas foram despejadas. Em maio de 2021, a Prefeitura instalou tendas e as famílias puderam retornar às terras, porém sem proteção ou auxílio do poder público.
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Na ocasião, o trabalhador rural Manoel Batista Nunes, de 87 anos, morreu deprimido, no dia 04 de fevereiro de 2022. Ele era pai da advogada Lucilene dos Santos Nunes.
Para falar sobre esse assunto o Jornal Tambor de terça-feira (29/08) entrevistou Lucilene dos Santos Nunes e a agricultora Norinda dos Santos. Norinda é uma das moradoras do local.
(Veja, ao final deste texto, a íntegra do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Lucilene dos Santos Nunes e Norinda dos Santos.)
A agricultora afirmou que “as casas foram queimadas por jagunços”, com o objetivo de expulsar e ameaçar os moradores. Dona Norinda disse que a comunidade tem lutado praticamente “sozinha” para permanecer no local.
Ela ressaltou que “o clima em Bom Acerto não está bom”. Também destacou que “as famílias estão apenas tentando sobreviver”, já que as ameaças são constantes.
Dona Norinda se emocionou muito ao falar como estão vivendo sob medo de novos ataques. E ainda informou que “a comunidade vive com medo de um drone que fica sobrevoando o território, tentando intimidar os moradores”.
De acordo com as entrevistadas, a comunidade está impedida de fazer seus roçados e dependem apenas de cestas básicas fornecidas pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), mas não é suficiente para matar a fome dessas famílias.
Já a advogada Lucilene afirmou que foi realizado o Boletim de Ocorrência na delegacia do município, e que “a polícia vai iniciar investigações sobre o ocorrido”.
No entanto, disse ser necessário ações de proteção do Estado, para garantir a segurança e o direito à vida desses moradores. Ela também se emocionou ao falar da situação da comunidade de Bom Acerto e de como isto afetou seu pai, que faleceu em 2022.
Governo fala em desvendar o crime
Em nota enviada para a Agência Tambor, o governo do Maranhão, hoje comandado por Carlos Brandão (PSB), informou que já está encaminhada uma investigação para a elucidação do caso, isto é, para desvendar o crime, encontrar e punir todos os envolvidos.
Veja, abaixo, a nota enviada pelo Governo do Maranhão:
A Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) informa que o caso da comunidade Bom Acerto, do município de Balsas, é acompanhado por meio da Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo e na Cidade (Coecv). A Sedihpop articulou com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) a abertura de investigações para a elucidação do caso e responsabilização criminal dos acusados.
No mesmo dia em que houve o ataque à comunidade, a Polícia Militar esteve no local e realizou vistorias e coleta de informações para dar início às investigações. A Comissão Estadual também solicitou apoio da Polícia Militar à segurança da comunidade. Por sua vez, a Polícia Civil segue investigando o caso com a coleta de indícios criminais e análise de câmeras de segurança que auxiliem na identificação dos responsáveis pela ação.
(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Lucilene dos Santos Nunes e Norinda dos Santos.)