Enquanto autoridades públicas tem uma postura que ultrapassa o limite da irresponsabilidade, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez uma representação tratando da enorme poluição na Ilha de São Luís.
O documento foi assinado pela Regional Nordeste 5 da CNBB, órgão da Igreja que abriga todas as dioceses do Maranhão.
O texto fala de “violação do direito à saúde” e foi destinado para a Prefeitura de São Luís, Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima, ao Ministério da Saúde, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e à Procuradoria da República no Maranhão.
O Jornal Tambor de terça-feira (04/06) tratou do assunto. Entrevistamos Dom Gilberto Pastana de Oliveira. Ele é bispo da Igreja Católica e atual presidente da CNBB Regional Nordeste 5.
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(Veja, ao final deste texto, o Jornal Tambor com a íntegra da entrevista de Dom Gilberto)
O dirigente da CNBB começou falando que a Igreja Católica tem “o compromisso com a vida”.
No caso de São Luís a poluição do ar é alarmante e a contaminação dos peixes é muito preocupante. Os dois problemas têm a mesma origem, a queima de carvão mineral.
Logo no início da entrevista o bispo falou que a representação feita pela CNBB e encaminhada aos órgãos públicos está fundamentada na ciência, lembrando que existem vária pesquisas indicando a calamidade.
A fala do bispo é um marco! Ela ajuda a quebrar um silêncio que tenta ser imposto pelo poder econômico e politico, com o apoio da mídia de mercado.
Trata-se de uma mudez que começa na Câmara Municipal de São Luís, onde nenhum vereador ou vereadora questiona a ação da Vale, Alumar e Eneva, as empresas que queimam o carvão na Ilha.
Dom Gilberto lembrou que “o Papa Francisco falou no desafio urgente de proteger o planeta, nossa ‘Casa Comum’”. E ressaltou a importância “de envolver a sociedade na busca por um mundo sustentável e integral”.
O lucro que mata!
Na entrevista à Agência Tambor, Dom Gilberto falou que as licenças ambientais concedidas pelo governo do Maranhão, hoje sob o comando de Carlos Brandão, não podem estar submetidas a interesses econômicos.
O bispo criticou bastante as licenças, disse que é preciso haver fiscalização permanente e ressaltou que o interesse financeiro não pode estar acima da vida das pessoas.
Ao falar da atual calamidade de São Luís e dos desmandos ambientais no Maranhão, ele afirmou que essa “ideia assassina precisa ser superada”.
O bispo questionou a razão dessas empresas terem liberdade para poluir e destruir a vida das pessoas e o meio ambiente. E disse que “as licenças dessas empresas devem ser caçadas”.
No documento que trata especificamente da poluição em São Luís, a CNBB pede a criação de um Gabinete de Crise para adoção de uma política única dos órgãos públicos na Ilha.
(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Dom Gilberto)
Temos a responsabilidade de se comodar com a saúde da população de São Luís