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Vila Passos pede socorro: obra ameaça agravar alagamentos na região

Obra, realizada sem placa de identificação e sem estudos ambientais aparentes, ameaça o bairro

O aumento do nível de um terreno na Avenida Vitorino Freire, no Centro de São Luís, tem preocupado os moradores da Vila Passos. Eles denunciam que a obra, realizada sem placa de identificação e sem estudos ambientais aparentes, ameaça agravar os alagamentos históricos do bairro com a chegada do período chuvoso.

Mesmo antes das chuvas, o impacto já é visível: rachaduras, infiltrações e danos estruturais em diversas casas próximas à área da construção. “Com esse aterramento, o bairro ficou como se estivesse num buraco. Se antes a vala não dava conta da drenagem, agora é impossível”, alertou José Ribamar Tocantins Nunes, integrante do Centro Comunitário Cultural e Eclesial de Vila Passos.

Segundo os moradores, o terreno de mais de 40 mil metros quadrados recebeu cerca de 4.500 metros cúbicos de aterro — o equivalente a mais de 200 caçambas de terra —, elevando em quase dois metros o nível do solo. O rolo compressor usado na compactação provocou vibrações que comprometeram as estruturas de várias residências. “Vila Passos está pedindo socorro, porque a situação vai ser uma tragédia”, disse Nunes.

Marco Antônio de Souza Braga, também integrante do Centro Comunitário, destaca o risco sanitário: “O excesso de água parada causa doenças. Já tivemos um caso de morte por leptospirose. Não somos contra a obra, mas exigimos responsabilidade ambiental. Jogar o aterro dentro da vala é condenar o bairro.”

Os moradores afirmam ter procurado a Secretaria de Urbanismo, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a Blitz Urbana e a Defesa Civil, e aguardam as resposta. A comunidade aguarda agora a intervenção do Ministério Público, após protocolar denúncia na Promotoria de Meio Ambiente.

Outra queixa é a falta de fiscalização: a obra avançaria principalmente nos fins de semana e feriados. “Se já não tem placa e só acontece no fim de semana, alguma coisa errada tem. São Luís está sem lei, sem fiscalização”, criticou José Ribamar. Segundo ele, a prefeitura nunca vistoriou as casas atingidas, apesar das solicitações.

A população local teme que o problema seja agravado por outros fatores, como o acúmulo de lixo nas imediações do Estádio Nhozinho Santos. “Quando chove, tudo desce para a nossa área. As crianças não conseguem ir à escola, têm que se vestir lá na esquina, onde não tem lama”, lamentou Marco Antônio.

Além do risco das enchentes, os moradores denunciam que a obra tem provocado poeira constante, ruídos e aumento de doenças respiratórias entre os idosos. “A Vila Passos parece invisível para o poder público. Dizem que São Luís se transforma, mas aqui a transformação é para pior”, afirmou José Ribamar.

Os líderes comunitários suspeitam ainda que a especulação imobiliária esteja por trás do problema. “Descobrimos que o Instituto da Cidade vai mudar o zoneamento urbano e liberar prédios de até 65 metros. Querem que a gente desista de morar aqui”, alertou Nunes. “Mas nós vamos resistir. A luta continua.”

A entrevista completa com José Ribamar Tocantins Nunes e Marco Antônio de Souza Braga foi concedida ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor, e está disponível no canal da agência.

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