
O Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal de São Luís (Sindiscan) voltou a denunciar a falta de transparência na gestão da Casa. Segundo a entidade, somente em 2025 já foram gastos mais de R$ 15 milhões com “serviços prestados”, cujos vínculos e funções permanecem obscuros. “Quem são essas pessoas? O que elas fazem? Por que não há clareza nos contratos?”, questiona o presidente do sindicato, Mauro Brandão.
As críticas se intensificam diante do que os servidores apontam como postura truculenta e desrespeitosa do presidente da Câmara, o vereador Paulo Victor. A entidade ressalta o dado comportamento especialmente nas negociações sobre a estruturação da carreira dos servidores concursados. “Nós sempre estivemos abertos ao diálogo, mas fomos recebidos com hostilidade, gritos, apontar de dedos e até expulsão de reuniões. Isso é inaceitável”, declarou Brandão, referindo-se a episódios recentes com membros da gestão.
Evans César, secretário financeiro do sindicato e servidor concursado, também expressou frustração com a condução das tratativas. Segundo ele, o sindicato entregou mais de duas resmas de estudos técnicos com propostas orçamentárias viáveis e projeções de impacto para a folha de pagamento. “E o que ouvimos em troca foi: ‘vocês querem ganhar isso tudo?’”, relata Evans. “Tudo o que apresentamos foi desqualificado”.
Mauro Brandão e Evans César registraram as denuncias, durante entrevista no programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor, transmitido, ao vivo, no dia 25 de junho.
Confira a entrevista na íntegra ao final desta matéria.
Outra denúncia grave envolve a discrepância salarial entre dois procuradores concursados e outros servidores de nível superior. Segundo o sindicato, esses dois cargos tiveram aumentos que chegaram a mais de 1000% no vencimento base, contrariando a lógica da isonomia entre os cargos criados pelo mesmo concurso. “Para dois servidores, o plano foi aprovado em 24 horas. Para os demais, é uma novela que já dura anos”, afirma Evans.
Os representantes do Sindiscan destacaram ainda que os servidores de carreira desempenham funções estratégicas na Câmara, como consultoria legislativa, engenharia, arquitetura, administração, recursos humanos e contabilidade pública. “São funções permanentes, que garantem a continuidade institucional. Mas hoje somos tratados como entraves, enquanto se incha a folha com contratações sem transparência”, aponta Brandão.
A situação se agravou após a reunião de 18 de junho, quando Paulo Victor anunciou, sem acordo prévio com o sindicato, um reajuste de 6% para os servidores, classificando o gesto como fruto de “sensibilidade”. “Mas essa proposta foi unilateral e sequer fomos comunicados formalmente. Ele falou no plenário como se tudo estivesse resolvido, enquanto ignorava totalmente as negociações em curso”, denunciou o sindicato em nota pública.
A entidade também afirmou que tem enfrentado campanhas internas de desqualificação, e que alguns vereadores reproduzem a narrativa de que os servidores querem “ganhar mais do que vereadores”. Segundo o sindicato, tais comparações são infundadas e desinformam a população: “Nosso teto constitucional é o salário do prefeito. O que pedimos é valorização com base em dados e justiça”, explicou Evans.
Outro lado
A Agência Tambor entrou em contato com a Prefeitura de São Luís e a Câmera Municipal, até o momento, não obtivemos retorno. Assim que houver posicionamento oficial, a matéria será atualizada.
Confira a entrevista de Evans César, secretário financeiro do Sindiscam-SLZ e servidor concursado, e de Mauro Brandão, presidente do sindicato.