Denúncias sobre diferentes crimes têm alarmado as oligarquias do Maranhão
“Eu vejo o futuro repetir o passado / Eu vejo um museu de grandes novidades.”
O processo pré-eleitoral no Maranhão, para 2026, virou caso de polícia. A poesia de Cazuza ajuda a refletir sobre essa conjuntura.
No tabuleiro maranhense, hoje, há denúncias para todos os gostos: de assassinatos a assaltos aos cofres públicos, passando por negociatas que supostamente envolvem o Tribunal de Contas do Estado (TCE).
A temperatura no meio político subiu muito, com a tensão diretamente ligada ao enorme incômodo provocado pelo trabalho policial.
Jorge Murad e os dias de hoje
A política maranhense teve, ao longo da história, um viés conservador, violento, corrupto e oligárquico, adquirindo contornos de máfia a partir da instauração da ditadura militar no Brasil, em 1964.
Desde então, especialmente nas últimas três décadas do século XX, muitos agentes políticos maranhenses tornaram-se “empresários” às custas do dinheiro público, em organizações criminosas que se estruturaram por dentro das instituições do Estado.
Em abril de 2002, a revista Veja publicou uma matéria com a foto de Jorge Murad e a seguinte manchete: “Tenho medo de ser preso.” Jorge — genro de José Sarney e um dos donos da empresa Lunus — era então investigado pela Polícia Federal.

O Maranhão vive hoje um reflexo do seu passado. Trata-se de uma velha cultura política que permanece viva, pois tem raízes profundas. A diferença é que, em relação aos tempos de Murad, o medo da PF tornou-se bem maior.
Medo e aposta na impunidade
No dia 18 de agosto, última terça-feira, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão para desarticular um grupo suspeito de desviar mais de R$ 50 milhões da Educação Básica no Maranhão. Dois dias depois, houve nova batida policial.
Trata-se da Operação Lei do Retorno, investigação que envolve o ex-prefeito de Caxias, Fábio Gentil, e a deputada estadual Daniella Meneses (PSB), além de outras prefeituras.
Fábio Gentil, marido de Daniella, tornou-se, em abril deste ano, secretário de Estado no governo de Carlos Brandão, atuando junto ao agronegócio.

A bem da verdade, para além da operação desta semana, nas entranhas do poder no Maranhão ainda há muito trabalho a ser feito por investigações policiais idôneas. Daí o medo das oligarquias, que vem resultando em reações cada vez mais agressivas.
Dentro deste jogo que mistura crime e poder, apesar do medo atual, às oligarquias maranhenses resta apenas apostar todas as suas fichas na impunidade.
