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Denúncia de racismo! “Eu pensei até em alisar o meu cabelo”

Foto: Naomy Adrielle

A estudante Naomy Adrielle, de 18 anos, que iria ser índia no Boi da Cidade Operária, denunciou que teria sido vítima de racismo por parte da direção do grupo cultural.

Naomy Adrielle gravou um vídeo que circulou nas redes sociais, no domingo, 11 de junho. Nele, ela faz a primeira denúncia contra a direção do Boi da Cidade Operária. A questão passa pelo cabelo dela.

Na quinta quinta-feira (15/06), Naomy esteve na Agência Tambor, acompanhada da advogada Caroline Tayane Caetano, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA e presidenta da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB/MA.

Na ocasião, a estudante concedeu uma entrevista ao vivo, na edição do Jornal Tambor. Após a apresentação do Jornal, a advogada Caroline Tayane Caetano também falou com a nossa reportagem.

(Veja abaixo a edição completa do Jornal Tambor, com a entrevista de Naomy).

Antes de começar a entrevista, a apresentadora e radialista Lívia Lima perguntou a audiência “quantas instituições impõe um padrão estético a seus funcionários ou integrantes? Quantas exigem determinado tipo de cabelo? Até onde exigir um padrão no cabelo ou no penteado, é um evidente caso de racismo?

A questão que envolve Naomy, nos leva a esses questionamentos.

“O presidente do boi me chamou e disse que se eu quisesse participar da brincadeira teria que me encaixar em um padrão. Comprar um cabelo. Todas as índias teriam que ter um rabo de cavalo. Foi uma situação constrangedora”, disse Naomy indignada.

Na entrevista ao Jornal Tambor, a estudante afirmou que ficou abalada psicologicamente. E disse que chegou ao ponto de pensar “em alisar o meu cabelo”.

Em seguida, Naony explicou que após refletir chegou à conclusão que não faria nenhum sentido mudar o seu cabelo, para poder dançar no Boi da Cidade Operária.

Sobre a denúncia, Naomy afirmou que “não estou fazendo nada para prejudicar ninguém. Mas, para incentivar outras pessoas a não se acomodar com atos racistas”.

Ordem dos Advogados

A advogada Caroline Tayane Caetano disse que “o ato discriminatório, a qual foi submetida a Naomy, se enquadra, em tese, na Lei que define os crimes de racismo”, no Brasil.

Caroline Tayane Caetano

Caroline explicou a definição de ato discriminatório “que, pela Lei, é qualquer atitude ou tratamento dada a pessoa ou grupo minoritário que lhe cause constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou lhe exponha indevidamente”.

Segundo a advogada, a Lei leva em consideração “um tratamento que não se dispensaria a outros grupos, em razão da cor, religião, etnia ou procedência nacional”.

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A advogada enfatizou que “ao impor um padrão vinculado exclusivamente ao cabelo, ele está praticando, induzindo ou incitando a discriminação, em decorrência de raça”. Caroline lembra que “nós temos o cabelo de Naomy, uma mulher negra. E o caso trata exclusivamente de um traço relativo à sua cor, raça e etnia.”

Por fim, Caroline Tayane Caetano disse que o caso se refere “a um coletivo que expressa a cultura maranhense”. E no momento em que o Boi da Cidade Operária “propõe um padrão de mulheres para serem índias, propaga atos racistas, que vão reproduzir comportamentos discriminatórios a mulheres negras, que não se enquadrarão a um padrão do branqueamento, de uma eugenia que é vivida no Brasil há muitos séculos”.

O outro lado

Após a denúncia original da estudante, feita no dia 11 de junho, o Boi da Cidade Operária tratou do assunto, em um texto intitulado “Nota de Repúdio”. Nós encontramos o texto publicado no Instagram da manifestação cultural @boidacidadeoperaria.

Texto publicado no Instagram do Boi da Cidade Operária.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Naomy)

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Joana Câmara

Atos racistas? Não vi em nenhum momento ações de discriminação! Uma empresa tem fardamento, um boi tem indumentária com padronização. Cores iguais, roupas e acessórios padronizados pra identificar e criar uma imagem.

No áudio o acusado que é preto, filho de preto, família de preto, disse que era pra se achar uma solução. O problema que as pessoas se vitimizam e outros querem brilhar .

O pessoal do boi é todo gente boa. Humilde, senão ninguém queria sair e os próprios negros que são integrantes do boi saíram por ser sentir discriminados.

Cadê o direito de resposta.

Só sei que sou moradora da cidade operaria e a instituição é séria e tem compromisso com o social tem muitas décadas de existência e nunca vi isso.

Procurem apurar os fatos

Lívia Lima

Sobre direito de resposta, sugerimos que você releia a nossa matéria.

Logo após a fala da advogada, que preside uma Comissão da OAB, a Agência Tambor publicou na íntegra, a Nota divulgada pelo Boi da Cidade Operária.

Caso a diretoria da instituição tenha interesse em dizer mais alguma coisa sobre o assunto, os contatos da Agência estão neste mesmo site, onde a matéria foi publicada.


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