O Maranhão possui uma das maiores populações negras do Brasil. E no mais atual censo do IBGE, os dados mostraram que o estado é o segundo com maior número de quilombolas.
Nesse sentido, durante a visita da ministra de Estado de Igualdade Racial, Anielle Franco a São Luís, na segunda-feira, dia 31 de julho, ela recebeu reivindicações de situações de violências que estão ocorrendo no estado.
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A Mãe Kabeca, Ialaxé da Casa Fanti Ashanti, junto a outras mulheres de terreiro, uniram-se para entregar à ministra uma carta cobrando mais segurança e ações efetivas para conter a violência contra as pessoas de Axé. “Estamos pedindo socorro”, disse Mãe Kabeca.
A Ialorixá e coordenadora do coletivo Dan Eji/MA, Jô Brandão, falou sobre o aumento dos ataques às religiões de matriz africana em São Luís. Disse que é necessário ações para que este tipo de crime seja cessado.
E lembrou da depredação que ocorreu ao monumento da orixá Iemanjá, localizado na Praia do Olho D’Água, no dia 23 de julho. “Os voduns estão sendo agredidos, violentados. Estamos passando por momentos dramáticos no Maranhão com a crescente do racismo religioso”, destacou a Ialorixá.
Além disso, a quilombola Antonia Cariongo, entregou para a representante do governo federal, um protocolo de consulta prévia às comunidades quilombolas. Lembrando das ameaças e violências que os povos tradicionais do Maranhão vêm sofrendo.
“Eu peço à ministra Anielle e ao presidente Lula que apliquem a convenção 69 (da ONU), através dos protocolos de consulta e consentimento prévio, sobre os projetos que irão impactar territórios quilombolas”, enfatizou ela.
Cariongo destacou sobre a BR-135, que desde 2017 está sendo duplicada. E com a obra uma série de violações ambientais e contra o território quilombola de Santa Rosa dos Pretos, localizado no município de Itapecuru-Mirim estão acontecendo.
Reunião
Os povos de terreiros participaram da reunião com Secretaria de Estado de Igualdade Racial e o Ministério da Igualdade Racial (MIR), na terça-feira, dia 1º de agosto. A diretora de Políticas para Povos Tradicionais de Matriz Africana e Quilombos, Lucy Lopes, representou o MIR.
Os presentes trataram sobre os ataques às religiões de matriz africana e entregaram à representante do MIR documentos das representações ao Ministério Público do Maranhão e Delegacia de Crimes Raciais
O Ministério da Igualdade Racial se comprometeu a acompanhar os casos e continuar o diálogo com o movimento de terreiros do Maranhão.