O clima é de terror e muita preocupação na comunidade de Barra da Tereza, antiga Fazenda Sabiá, na zona rural de Caxias (MA).
Na última sexta-feira (23) quatro policiais militares da Polícia Militar do Maranhão (PMMA), lotados em São Luís, foram presos por agentes da segurança pública do Estado.
Os moradores, após intimidações e ameaças de mortes, e com medo de serem jagunços a serviço de fazendeiros, chamaram à polícia, que esteve no local, e constatou que se tratava de pms da Polícia Militar do Maranhão.
O delegado Leonam Casemiro prendeu e autuou os quatro PMs por formação de milícia e ameaça. Foram também apreendidas quatro pistolas, sendo três pertencentes à corporação.
Segundo relato dos moradores, os quatros PMs estavam a cerca de quinze dias ameaçando e intimidando os moradores.
E, mesmo com a prisão dos quatro, a situação ainda é muito grave e de tensão, numa área de cerca de 40 hectares no 2º distrito de Caxias, às margens do Rio Parnaíba, onde vivem cerca de 100 famílias de trabalhadores rurais, que tiram o seu sustento da terra. Eles têm a posse há mais de 50 anos.
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Júnior Borges da Sala da Cidadania da Arquidiocese de Caxias, que acompanha famílias em situação de vulnerabilidade social e comunidades da zona rural (conflitos agrários), enfatiza que a tensão só aumenta na região.
“É uma situação preocupante, crítica. Os moradores já vem lutando pela posse da terra desde o ano de 2015. Recentemente o processo deles que estava na Justiça Agrária foi arquivado. O advogado não compareceu a uma das audiências e o juiz Pedro Henrique Holanda Pascoal decidiu pelo arquivamento”, relatou.
A desconfiança é que os fazendeiros sabedores da decisão do arquivamento do processo para regularização fundiária em prol da comunidade resolveram agir.
“Do nada, os fazendeiros apareceram com jagunços e tratores invadindo a área próxima as casas. Se não houvesse uma reação imediata com a convocação da polícia podia ter tido mortes”, disse Júnior Borges.
Segundo o membro da Sala da Cidadania, após as prisões, “foram vistas Hilux com homens armados e tratores continuam abrindo variantes. Os agricultores só querem viver em paz. Tirar o sustento de sua roça”.