O problema passa pela posse da terra, uma questão central no Maranhão.
É o mesmo Maranhão onde, há cinco meses, dezenas de organizações sociais denunciaram a aprovação de uma Lei Estadual que estimula violência e grilagem de terras públicas.
Por conta do conflito por terra, um grupo de quilombolas do município de Santa Inês está ameaçado de morte.
Um dos integrantes da comunidade, chamado Antônio Ales Ferreira Lima, foi covardemente agredido a coronhadas de revólver, na quinta-feira, dia 30 de maio, feriado de Corpus Christi.
Seu Antônio foi brutalmente atingido na cabeça e ficou muito machucado, ensanguentado, com a visão e um ouvido comprometidos.
Trata-se de um senhor de 73 anos. Sua foto com sua cabeça ensanguentada circula na internet. Inclusive em um material produzido pelo Movimento Quilombola do Maranhão (MOQUIBOM).
Ele tinha feito recentemente uma cirurgia nos olhos e perdeu seu óculos, no momento em que sofreu as agressões.
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Insegurança pública
Seu Antônio e as outras vítimas das ameaças vivem no Quilombo Onça. E no mesmo dia 30 de maio foi registrado um Boletim de Ocorrência, tratando deste caso de Santa Inês.
O documento cita os nomes de dois homens, George e Franciano, como sendo os agressores do quilombola.
O Boletim de Ocorrência diz que os agressores chegaram em carro, uma Hilux. Ao todo teriam sido quatro homens envolvidos no ataque.
Além de agredir fisicamente seu Antônio, o BO também informa que eles deram tiros mas ninguém foi atingido.
“Não sobrará ninguém no Quilombo Onça”. A frase está no Boletim de Ocorrência e é atribuída aos agressores de Antônio.
Veja abaixo o Boletim de Ocorrência:
Os denunciados no BO também teriam dito que a comunidade será invadida e alguns quilombolas estariam marcados para morrer. Entre eles Seu Antônio, Jean, Reginaldo e Vaim.
As ameaças no Quilombo Onça e a agressão ao seu Antônio é uma mostra de uma série de violências que seguem ocorrendo no Maranhão.
É uma violência política incessante e que muitos trabalham hoje para ampliar e naturalizar.
Infelizmente hoje no Maranhão vivemos uma querra, patrocinada pelo próprio estado que estimula o desmatamento a grilagem e a pulverização de veneno de forma indiscriminada, ao mesmo tempo usa-se de sua estrutura para criminalizar toda e qualquer forma de resistência das comunidades tradicionais e quilombolas