Da Agência Tambor
Por Paulo Vinicius Coelho
21/06/2021
Os protestos contra Bolsonaro, a ida de Flávio Dino e Marcelo Freixo para o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e outros aspectos da conjuntura política estivem na pauta do Jornal Tambor desta segunda-feira (21).
O debate se deu entre os jornalistas da Agência Emilio Azevedo e Ed Wilson Araújo (que também é professor da UFMA), mediado por Lívia Lima.
(VEJA ABAIXO A DEBATE E O JORNAL TAMBOR)
No sábado (19), milhares de manifestantes em mais de 400 cidades foram às ruas contra Bolsonaro. Essa é, de acordo com Ed Wilson, uma das novidades da conjuntura.
O professor lembrou que até pouco tempo somente a extrema-direita estava organizando manifestações. Agora, ‘’a rua que estava sendo dominada pelo bolsonarismo passa a ser compartilhada pelos movimentos democráticos’’, afirmou.
Segundo Ed Wilson, essa disputa nas ruas já dá indícios de uma eleição em 2022 polarizada entre a extrema-direita e o campo democrático. Algo parecido com o que houve em 2018. O jornalista, no entanto, fez uma ressalva:
‘’Em 2018, o Bolsonaro era uma grande novidade. Dessa vez ele vai ser avaliado e julgado por uma gestão desastrosa. Os outsiders [representantes fora do jogo político tradicional, como artistas e policiais] devem perder espaço.’’
Diante da polarização entre Bolsonaro e Lula, Emilio Azevedo destacou ‘’a necessidade de uma frente ampla comprometida com a vida, porque o que está aí hoje é uma necropolítica [política da morte]’’
Emilio lembrou que em 2016, o então deputado Jair Bolsonaro votou a favor do impeachment de Dilma Roussef homenageando a memória de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel do Exército Brasileiro e sabidamente um torturador.
‘’O sujeito que se elegeu em 2018 em nome de Deus e da honestidade, em 2016 homenageou Ustra e Eduardo Cunha, o pai da corrupção. Isso representa uma profunda hipocrisia e uma grande violência’’ enfatizou Emilio.
Ed Wilson acrescentou que a ‘’a unidade do campo democrático é necessária não só para derrotar a figura do Bolsonaro, mas também a sua agenda econômica’’.
O professor sublinhou que as consequências das reformas trabalhista e previdenciária e a ameaça da reforma administrativa se traduzem no crescimento do mercado informal, no avanço da fome e da miséria.
Em relação ao PSB, Emilio apontou que é um dos partidos de esquerda, que tem defendido uma frente ampla. E que as presenças de Flávio Dino e Marcelo Freixo reforçariam esse alinhamento e o entendimento de que Lula é a principal referência do campo popular.
‘’O PSB sabe que Dino é uma pessoa próxima de Lula. No caso do Freixo, há o desejo de fazer uma aliança ampla para derrotar o bolsonarismo na casa de Bolsonaro, no Rio de Janeiro’’ disse o jornalista.
Questionados sobre ‘’onde estariam as pautas da comunicação livre, da defesa do território das comunidades quilombolas e outras prioridades nesse alinhamento em torno de Lula?’’ os dois entrevistados citaram a importância da organização da sociedade civil para formular um programa e pressionar o governo.
Emilio citou João Pedro Stédile (MST), que recentemente esteve na Agência Tambor e falou que as organizações sociais devem se dedicar na elaboração de um projeto popular para o Brasil.
E Ed Wilson conclui que “’tem que disputar esse eventual governo, se mobilizar pra ver se a gente consegue uma fatia maior do bolo. Os negociantes [as elites e os partidos fisiológico] vão pra cima pedir favores, cargos e privilégios’’.
Veja abaixo a íntegra do Jornal Tambor, com as opiniões de Ed Wilson Araújo e Emilio Azevedo.
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