A solução do problema não está encaminhada. O que se percebe é uma evidente tentativa de escondê-lo ou até mesmo negá-lo.
Estamos falando da poluição de São Luís, provocada pela queima de carvão mineral. É um problema diretamente ligado as empresas VALE, ALUMAR e ENEVA, as únicas que têm licença para queimar carvão mineral na ilha de São Luís.
O poder financeiro das três empresas submete governo, prefeitura, parlamentos e mídia de mercado. São três empresas bilionárias. Na prática, um enorme volume de dinheiro vem concedendo licença para matar em São Luís.
A média de mortes por câncer e problemas respiratórios cresceu no município de São Luís nos últimos anos, acima da média nacional. Os dados são do Sistema Único de Saúde (SUS). Os peixes consumidos pela população da cidade estão contaminados e hoje representam risco a saúde humana, segundo pesquisa publicada este ano junto à Academia Brasileira de Ciências.
Quem lucra?
A TV Mirante veiculou uma matéria, no último dia 3 de julho, sobre a poluição do ar no Maranhão e registrou essa imensa poluição de São Luís.
Foi uma exceção à regra. O veículo de comunicação do grupo Sarney não vem tratando como deveria do gravíssimo problema da capital maranhense.
A poluição é diária. Mas a afiliada da Globo no Maranhão – que vive às custas de concessão pública – registra o problema num dia e se cala durante meses a fio.
A quem interessa esse morde e assopra da TV dos Sarney? Quem lucra com um jornalismo bissexto? Por que abordar um assunto tão grave em doses homeopáticas? A questão passa pelos cofres da emissora? Fernando Sarney e seus sócios estão ganhando dinheiro com o drama da cidade?
Leia também: Parem de nos matar! Movimento lança carta denunciando calamidade ambiental em São Luís!
Sociedade se movimenta
Enquanto a TV dos Sarney faz “um H”, o Movimento de Defesa da Ilha (MDI) tem feito um esforço diário para dar visibilidade ao problema, atuando nas redes sociais e com ações junto ao Ministério Público, além de buscar algum apoio na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal de São Luís
Em abril deste ano, o Movimento de Defesa da Ilha lançou carta aberta a sociedade denunciando essa poluição. O texto fala em calamidade ambiental e diz: “Parem de nos matar!” .
Em dezembro do ano passado, o mesmo MDI promoveu um seminário na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Lá foram apresentadas várias pesquisas tratando das mazelas provocada em São Luís pelo carvão mineral.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também se manifestou há pouco mais de um mês e fez uma representação tratando dessa mesma poluição, em documento assinado pela regional que abriga todas as dioceses do Maranhão.
O texto da CNBB fala de “violação do direito à saúde” em São Luís. O documento foi destinado para vários órgãos públicos. O bispo Dom Gilberto, presidente da CNBB no Maranhão, deu uma entrevista para a Agência Tambor e falou da necessidade de “superar uma ideologia assassina”
Um escândalo atrás do outro
O governo de Carlos Brandão, diante de um assunto tão sério, que envolve a saúde de todas as pessoas que vivem na ilha, simplesmente deixou de fazer o monitoramento da qualidade do ar de São Luís. Parou no início de junho e não disse quando volta.
O Movimento de Defesa da Ilha falou do assunto e disse que “parar o monitoramento é um escândalo.
Na prática, o governo estadual deixou de monitorar a poluição de São Luís, deixou de prestar informações para a sociedade, deixou de tratar da perigosíssima queima de carvão mineral e deixou de expor os problemas causados pelas bilionárias VALE, ALUMAR e ENEVA.
E a coisa não para por ai! Em recente audiência promovida pelo Ministério Público Estadual, a Secretária de Meio Ambiente do Estado teve a ousadia de colocar em dúvida os números alarmantes, apresentados durante os últimos quatro anos pela Secretária de Indústria e Comércio.
Até o momento, segundo informações do MDI, essa temeridade ensaiada na Secretaria de Meio Ambiente não foi formalizada em nenhum documento…
Ao jornalismo do Maranhão cabe denunciar todos os movimentos de uma operação abafa. É nosso dever exigir do poder público a solução do problema. É nossa obrigação agir para garantir o direito à saúde e a informação.