O desmatamento diminuiu no Brasil, no ano de 2023. E na contramão do país, o desmatamento aumentou bastante no Maranhão, ao longo do mesmo ano de 2023.
Mais da metade da área desmatada no Brasil em 2023 foi na região do Cerrado.
E entre todos os estados brasileiros, o Maranhão foi mais desmatado no ano de 2023.
O Maranhão estava em quinto e assumiu pela primeira vez a primeira posição em desmatamento. Tornou-se o pior do Brasil.
Houve no Maranhão um aumento de 95,1% na devastação, totalizando uma perda de 331.225 hectares da vegetação nativa do estado.
Fonte
As informações são do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), lançado no último dia 28 de maio, em Brasília.
Este é o 5º ano que o Relatório é lançado. Trata-se de um trabalho feito pelo MapBiomas Alerta, a partir de uma rede formada por organizações sociais, universidades e empresas de tecnologia.
A iniciativa é do Observatório do Clima, que lida com o problema das mudanças climáticas.
O relatório fica disponível em https://alerta.mapbiomas.org/relatorio. No mesmo link, você encontra os relatórios de anos anteriores.
Agronegócio liquidando
Nos últimos cinco anos o Brasil perdeu 8.558.237 hectares de vegetação nativa, o equivalente a duas vezes o estado do Rio de Janeiro.
A situação mudou em 2023. No ano passado houve uma queda de 11,6% na área desmatada, em relação a 2022.
Os dados apontam a primeira queda do desmatamento no Brasil desde 2019, quando se iniciou a publicação do RAD.
Na Amazônia, houve uma queda de 62,2% em relação a 2022. Houve redução em todos os estados da região, exceto no Amapá.
E pela primeira vez, desde o início da série do MapBiomas Alerta em 2019, o Cerrado ultrapassou a Amazônia no que se refere a desmatamento.
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Na contramão de tudo!
O alvo atual do desmatamento no Brasil tem sido exatamente a região do Cerrado chamada de Matopiba, que reúne Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
E quase todo o desmatamento do país (97%) foi provocado pela expansão do agronegócio. E mais de 93% dessa devastação teve indícios de irregularidades.
No caso do Maranhão, a situação é gravíssima. Dos 50 municípios mais desmatados do Brasil, 11 são do Maranhão! Mais de 20%!
O município maranhense de Alto Parnaíba, por exemplo, é onde está o maior alerta de desmatamento do Brasil.
Já o estado do Piauí, vizinho do Maranhão – mesmo sendo do Cerrado, da região do Matopiba – houve uma redução das áreas desmatadas.
Se o Matobipa é hoje o problema do Brasil, o Maranhão é um problema no Matopiba e agronegócio um problema no Maranhão.
E realidade maranhense acaba sendo um problema para a humanidade, para o que hoje é chamado de Justiça Climática.
Tem que mudar!
É impossível não relacionar o desastre social e ambiental vivido hoje no Maranhão com o governo de Carlos Brandão.
Em dezembro do ano passado, após todo esse avanço do desmatamento no Maranhão, Carlos Brandão sancionou a Lei estadual 12.169/2023, que possibilita a entrada no agronegócio em terras púbicas do estado.
Inúmeras organizações sociais fizeram um documento chamando a Lei 12169/23 de “Lei da Grilagem”.
Em marco deste ano, o mesmo governo Brandão lançou o programa Simplifica Maranhão, simplesmente “para agilizar a liberação de instrumentos ambientais”. É para aumentar o desmatamento.
No discurso oficial foi dito que “o Governo do Maranhão segue diminuindo a burocracia para incentivar o setor produtivo no Estado”.
A intenção, assumida no discurso oficial, é de “desburocratizar e agilizar instrumentos ambientais para o funcionamento” daquilo que o atual governo chama de “setor produtivo”. É para “fomentar o crescimento econômico”.
Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Cerrado e Diretora de Ciência do IPAM, disse que “o Cerrado, já perdeu mais da metade de sua vegetação nativa, passando agora a ser o protagonista do desmatamento no país, o que torna essa condição ainda mais preocupante ”.
Texto da Agência Tambor, com informações do MapBiomas