Da Agência Tambor
Por Danielle Louise
31/03/2020
O presidente Jair Bolsonaro, em Resolução n°11, publicada no Diário Oficial da União, no dia 27 de março, determinou a execução do realocamento das famílias das comunidades quilombolas de Alcântara, em decorrência do acordo entre o Brasil e os Estados Unidos para construção do Programa Espacial Brasileiro no município.
Para conversar sobre o tema, participaram do Radiojornal Tambor, desta segunda-feira (30), o assessor do Movimentos dos Atingidos pela Base de Alcântara, Davi Pereira e a coordenadora do MABE, Dorinete Serejo (neta de Canelatiua). Ambos são moradores das comunidades Itamatatiua e Canelatiua, respectivamente.
Davi Pereira avaliou que não houve nenhuma surpresa em relação a medida do governo federal, pois ela foi consequente ao acordo estabelecido em 2019. Ele destacou que o Projeto de Decreto Legislativo 523/2019, não ofereceu nenhum mecanismo de proteção aos quilombolas das comunidades do município de Alcântara.
“Difícil acreditar que isso tenha sido feito nesse momento em que o Brasil e o mundo passam por uma grave crise que deve reconfigurar o termo geopolítico mundial depois que passar”, denunciou ele. O assessor do movimento comentou também que, para ele, essa foi uma estratégia do governo federal.
Dorinete Serejo, que também é responsável pelo Centro de Saberes Quilombola Mãe Anica, ressaltou como os moradores das comunidades estão adoecendo com as incertezas do que poderá acontecer depois da publicação do decreto.
Ela argumentou que o governo federal afirma que consultará os moradores sobre a construção do programa. No entanto, antes mesmo das autoridades ouvirem as comunidades, a resolução já determinou qual ministério será responsável por cada etapa.
“Estamos resistindo há 40 anos não será agora que iremos desistir. Essa terra é nossa. Enquanto eles destroem, nós tentamos preservá-la”, manifestou ela.
Ouça o áudio com a entrevista que Davi e Dorinete deram para a Rádio Tambor.