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Do Blog Buliçoso
Por Flávia Regina Melo
20/04/2020
A imagem seria rotineira, em condições naturais de temperatura e pressão. Mas, em tempos de normalidade roubada, tem o peso de uma sentença condenatória. O Terminal de Integração do São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, é a mais evidente demonstração do desastre previsto para os dias que se aproximam. A situação não é diferente nos outros terminais de ônibus da capital do Maranhão onde quantidade ainda significativa de pessoas e funcionários se aglomera como se estivesse nua e crua.
Com mais de 90% dos leitos de UTIs de São Luís ocupados por pacientes contaminados pelo coronavírus, a população dos bairros da periferia já começa a sentir na carne os efeitos daquela que provavelmente entrará para a história como a pior crise do século XXI. Pessoas com alguns dos sintomas mais graves do covid-19, tais como falta de ar e febre, buscam atendimentos nas unidades de saúde e recebem a recomendação de voltarem para suas casas porque não há leitos em quantidades suficientes e nem condições adequadas de tratamento.
A cada número de óbito divulgado pelas fontes oficiais, estima-se muito mais mortes causadas pelo vírus, antes do resultado final dos exames e sem sequer internação. Da cena do terminal de transporte público passa-se à imagem do enterro do cobrador de ônibus, César, da empresa 1001, morto na semana passada após contrair a doença. Do substantivo ao adjetivo perverso, o “terminal” deixa de exercer a função de integrar uma rota a outra para interromper trajetórias de vida.
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Servidores públicos do município também protestam pela falta de equipamentos de proteção individual nos principais órgãos da Prefeitura de São Luís, em carros de som: “alô, prefeito Edivaldo! O servidor pede socorro!” Até mesmo os profissionais de saúde denunciam a péssima qualidade de algumas máscaras distribuídas no Hospital Socorrão II, que não protegem como deveriam.
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Segundo um levantamento publicado pelo jornal Folha de São Paulo, o Maranhão possui uma das menores taxas de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) por 10 mil habitantes, de – 0,59, proporção menor do que 1. E enquanto a população do estado mais pobre do Brasil é condenada a uma provável pena de morte nos casos mais graves da doença, há quem resolva medir a aprovação do Governo do Estado e comemore as notinhas na imprensa nacional sobre a aquisição de respiradores.