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Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completou 40 anos de lutas. A organização foi fundada no dia 22 de janeiro de 1984, no município de Cascavel, no Paraná. Atualmente o MST está organizado em 24 estados, com 400 mil famílias assentadas.
O maranhense Aldenir Gomes, dirigente nacional do MST, diz que a organização tem um “compromisso com a classe trabalhadora, tanto do campo, como da cidade. Além de lutar pela transformação social, por condições de vida digna, dos trabalhadores e das trabalhadoras”.
Aldenir falou do compromisso ético e histórico de contribuir com o processo de emancipação da classe tralhadora, “de romper com as amarras e com as estruturas que estão postas”.
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Ao falar da luta pela terra, pela reforma agraria e pela transformação social, o maranhense diz que “os assentamento e acampamentos do MST traduzem todo este esforço coletivo de uma organização, assim como nossas escolas, nossos centros de formação, nossos cursos”.
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Aldenir nasceu num assentamento do MST no município maranhense de Nina Rodrigues. Seus pais são trabalhadores rurais assentados. Hoje formado em Direito, o advogado diz que sua trajetória é resultado dessa luta coletiva, que pensa processos, que forma sujeitos não só do ponto de vista acadêmico, mas sujeitos que vão contribuir com essa transformação social”.
Conjuntura, compromissos e constituição
Os assentamentos foram conquistados com muitas lutas e resistência às violências dos latifundiários. Mesmo assim, com tanta lutas e conquistas, 70 mil famílias acampadas ainda moram em barracas de lona, de forma provisória, enfrentando várias formas de violências, em beiras de estradas e latifúndios que não cumprem a função social da terra.
A luta do MST é para fazer cumprir a Constituição, que define o conceito de uso social da terra, que deve ser destinada para fins de produção, ou seja, ser produtiva e não ociosa, sendo usada como estoque para a especulação imobiliária.
Nessa perspectiva, a ocupação da terra é utilizada pelo MST, da mesma forma como historicamente foi feita pelos movimentos camponeses, como a reivindicação de direitos, para a produção de alimentos e da necessidade de que a propriedade cumpra a sua função social.
Outro princípio do MST é a solidariedade, em especial, com a partilha de alimentos, que passou a ser contabilizado durante a pandemia da Covid-19. Desde o ano de 2020, o Movimento já doou 9,8 mil toneladas de alimentos e 2,7 milhões de marmitas em todo o país.
Essa solidariedade ultrapassa as fronteiras do Brasil. Ao longo dos últimos meses, o movimento já doou 13 toneladas de alimentos às vítimas da crise humanitária na Faixa de Gaza. E ainda pretende enviar um total de 100 toneladas de alimentos à essa mesma região.
A partir dos anos 2000, o MST decide coletivamente, após diversos debates e experiências produtivas, pela adoção do modelo de produção agroecológico, em equilíbrio com a natureza e os seres vivos, sem o uso de agrotóxicos e livre de transgênicos.
Produção e educação
Hoje em todo o país, o MST constrói pelo menos 15 cadeias produtivas principais, das quais 1.700 itens são comercialização em feiras, na rede de lojas Armazém do Campo, supermercados e distribuídos nas escolas públicas, hospitais, por meio dos programas governamentais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), além das ações e campanhas de solidariedade do Movimento.
Com base na cooperação entre as famílias assentadas nos territórios da Reforma Agrária Popular pelo Brasil a fora, o MST organiza mais de 1.900 associações, 185 cooperativas e 120 agroindústrias que atuam na produção, no beneficiamento e comercialização da produção da Reforma Agrária Popular.
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As ações do MST têm foco também no acesso à educação. Nesse sentido já foram alfabetizados mais de 100 mil jovens e adultos no campo, além da ajuda para a construção de mais de 2 mil escolas públicas em acampamentos e assentamentos.
O MST conta ainda com 2 mil estudantes em cursos técnicos e superiores e organizou mais de 100 cursos de graduação em parceria com universidades públicas por todo o país, através do Programa Nacional de Educação nas Áreas de Reforma Agrária (Pronera).
São inúmeras as conquistas. Mas, infelizmente, ainda é crescente a violência no campo.
O acesso à terra também é muito limitado e ainda há uma ausência de uma infraestrutura adequada para que inúmeros assentamentos consigam produzir em níveis de excelência.
Assim, segue a luta do MST pela democratização da terra, por uma produção sustentável e em respeito aos ensinamentos ancestrais e por uma vida digna aos trabalhadores e trabalhadoras rurais.