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Lula, o PSDB e a sucessão no Maranhão  

Da Agência Tambor 
Por: Emilio Azevedo
15/11/2021

A chegada de Eduardo Braide (Podemos) à prefeitura de São Luís, em 2020, foi um fato novo na política maranhense. Hoje, em março de 2021, dois novos  acontecimentos balançaram o mesmo  tabuleiro.

O primeiro fato é a volta de Lula, para a disputa eleitoral. E o segundo é a asfixia dos bolsonaristas, dentro do PSDB nacional.

Se o resultado da eleição de São Luís não foi bom para o governador Flávio Dino (PCdoB), esses dois novos fatos lhe favorecem.

Flávio Dino é atualmente a principal referência do lulismo no Maranhão, consequência de suas posições e escolhas desde 2006, quando se elegeu deputado federal. Hoje, quase 15 anos depois, exercendo o segundo mandato de governador, depois do impeachment de Dilma, da Lava Jato, da prisão e liberdade de Lula, ele se legitimou como importante aliado do ex-presidente.

Em relação ao PSDB, o partido descartou o senador maranhense Roberto Rocha, pelo fato dele ser bolsonarista. E o comando tucano no Maranhão foi entregue há poucos dias para Carlos Brandão, vice-governador do Estado, um aliado de Flávio Dino.

O clima da direção nacional do PSDB pode ser percebido a partir do convite  feito à senadora Eliziane Gama, para  se filiar ao partido. Ela tem uma postura oposta a cumplicidade governista de Roberto Rocha. Eliziane, que segue filiada ao Cidadania, hoje faz uma oposição firme e incessante a Jair Bolsonaro.

Voltando a Carlos Brandão, ele se elegeu vice-governador na chapa de Flávio Dino, em 2014, exatamente pelo PSDB. Teve que deixá-lo por conta de uma conjuntura que impediu o partido de participar do arco de aliança que reelegeu o governador, em 2018.

Para uma nova candidatura a vice, Brandão foi para o PRB (Republicanos), partido controlado pela Igreja Universal, que no ano passado abrigou dois filhos de Bolsonaro.

Agora, com Lula ao lado de Flávio Dino e Carlos Brandão de volta a um PSDB distante do bolsonarismo, o governador e seu vice poderiam, até com facilidade, articular novamente uma frente no Maranhão, com uma ampla aliança partidária, como ocorreu em 2014 e 2018.

Mas tem um porém. Hoje, nessa equação, tem a variável Weverton Rocha. O senador do PDT é da base de Flávio Dino e será candidato a governador do Maranhão, no ano que vem.

Weverton tem mandato no Senado até 2026, cargos no governo do Estado, um grupo bem posicionado, transita com desenvoltura no meio político maranhense e tem uma forte estrutura pra campanha, incluindo a comunicação.

No ano passado, para derrotar um aliado de Carlos Brandão, Weverton apoiou Eduardo Braide, contra a vontade de Flávio Dino.  E agora, em janeiro, em uma eleição muito disputada, esse mesmo Weverton elegeu o presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), vencendo um candidato do vice-governador.

Entre Brandão e Weverton existe uma briga de foice. É tudo público e notório. Mas Weverton não quer confusão com Flávio Dino…

Numa eleição nacionalizada, um ponto que pode ser negativo nas pretensões de Weverton é Ciro Gomes. Na condição de pré-candidato a presidente do seu partido, ele se comporta como um jovem babuíno em uma loja de louças.

Enquanto isso, Flávio Dino fala em uma candidatura única do grupo que o elegeu duas vezes governador.

Não está fácil promover essa conciliação. O mais provável é que Carlos Brandão e Weverton Rocha disputem o governo do Maranhão no ano que vem.

Roberto Rocha, rejeitado pelo PSDB, vai para o mesmo partido de Bolsonaro e também poderá ser candidato a governador. Seria representante e avalista do discurso da extrema-direita, responsável no Brasil por milhares de mortes nessa pandemia.

Enfim, a partir de Lula e do PSDB, Flávio Dino se fortaleceu, Brandão avançou uma peça e o jogo segue totalmente aberto.

Emilio Azevedo é jornalista, da Agência Tambor.

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