
O Sindicato dos Bancários do Maranhão (SEEB-MA) voltou a denunciar práticas antissindicais do Banco do Nordeste (BNB), agora o impasse nas negociações é em torno do Acordo de Autorregulação Sindical. Em resolução aprovada pelo Conselho de Delegados Sindicais, a organização repudiou a postura do banco, que tem se recusado a garantir a cláusula de liberação de dirigentes e delegados, considerada fundamental para a atuação sindical.
Segundo o Conselho, que se manifestou nas redes sociais, trata-se de uma retaliação política contra sindicatos combativos, já que o acordo foi assinado nacionalmente pela Contraf-CUT e por outros sindicatos, mas não pelo SEEB-MA e pelo SEEB-RN. Atualmente, o BNB é o único banco que não assegura sequer uma liberação sindical permanente no Maranhão, mesmo apresentando lucro recorde de R$ 4,3 bilhões em 2024 e mais de R$ 100 bilhões em carteira de crédito.
“Isso se estende há alguns anos, mas chegou a hora de mudar o cenário. Somos a quarta maior base do banco, precisamos reivindicar nossa representatividade e autonomia”, afirma Rodolfo Cutrin, coordenador-geral do SEEB-MA.
Negociações paradas
Em entrevista à reportagem, Rodolfo confirmou que as negociações estão paralisadas. Segundo ele, embora tenha havido uma abertura inicial ao diálogo, a proposta apresentada pelo banco foi considerada “rebaixada”, já que não garantia autonomia ao sindicato para indicar os dirigentes e delegados que seriam liberados — diferentemente do que ocorre em outras bases.
“Essa foi uma atitude discriminatória, e por isso o sindicato decidiu não assinar o acordo, pois ele difere daquele firmado com outras regiões. Não é só o Maranhão, mas também o Rio Grande do Norte que está nessa situação”, explicou.
Dia de luto
Diante do impasse e dos ofícios já enviados ao BNB, o SEEB-MA organizou uma pré-agenda para mobilizar a categoria e chamar atenção para a situação. Na quinta-feira, 18, em frente ao edifício Marcos Barbosa, na Av. dos Holandeses, o sindicato realizará uma manifestação intitulada Dia de Preto — um dia de luto pelo ataque à autonomia sindical.
Além disso, no dia 26, está programada a paralisação de uma hora em uma agência ainda a ser definida.
Apoio e resistência
A postura do banco já foi criticada também pela AFBNB, que aprovou nota de repúdio em sua 64ª Reunião do Conselho de Representantes. O reconhecimento do SEEB-MA como legítimo representante da categoria, destaca a resolução, vem da base, que “sempre esteve na linha de frente das lutas”.
Possível paralisação
Rodolfo reforça que o sindicato prioriza o diálogo, “mas não descartamos, caso não ocorra um entendimento, uma paralisação dos serviços”, alerta o coordenador.
O SEEB-MA espera que as negociações avancem nas próximas duas semanas e reivindica, inclusive, uma audiência com o presidente do BNB para discutir a situação e garantir a autonomia sindical.
O outro lado
O Banco do Nordeste informou em matéria anterior que é signatário da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e de Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs) firmados nacionalmente, mas destaca que os sindicatos dos bancários do Maranhão e do Rio Grande do Norte, por não serem filiados às confederações representativas, precisam aderir a esses instrumentos por meio de Termos de Adesão. O atual termo não contempla o ACT de Relações Sindicais, mas o Banco já solicitou à CONTRAF a disponibilização de novo documento para possibilitar a adesão. A instituição reafirma sua postura de diálogo aberto com todos os sindicatos e sua atuação em conformidade com a legislação e os acordos vigentes.