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Espetáculo maranhense A Vagabunda participa de evento no Rio de Janeiro

Dia 11 de maio, a convite do Midrash Centro Cultural, do Rio de Janeiro, as autoras Gisele Vasconcelos, Nicolle Machado e Nadia Ethel participarão do projeto Ciclo de leituras teatrais “Dramaturgas Brasileiras”, com a leitura da peça A Vagabunda – Revista de uma mulher só.

O evento tem a curadoria de Renata Mizrahi, roteirista, dramaturga e diretora de teatro brasileira, vencedora do Prêmio Shell 2014 de Melhor Texto. O ciclo de leituras teatrais será transmitido ao vivo pelo canal do Youtube do Midrash Centro Cultural, às 20h30, seguido de debate com as autoras da peça A Vagabunda e com a curadora.

Para as autoras, a participação no projeto que visa dar visibilidade às dramaturgas brasileiras de diversos estados do país, é muito potente: “A vagabunda tem referências geográficas que não estão no Maranhão e pensando no corpo de teatro de revista, é muito simbólico estrear essa leitura em um centro cultural com sede no Rio de Janeiro. Por mais que a peça tenha referências locais, ela foi alimentada por uma estética de revista que foi muito marcante no Rio no início do século XX”.

O que as três autoras, Gisele, Nicolle e Nadia, irão apresentar na terça, dia 11 de maio, é uma variável do amplo projeto de pesquisa e produção teatral A Vagabunda, iniciado em setembro de 2019. O espetáculo teatral ainda não tem estreia marcada, devido a pandemia do Covid 19. Na terça, o texto da peça será mostrado pela primeira vez, no formato on line, por meio de uma leitura ao vivo. A peça trata da jornada de Gigi em sua luta pela sobrevivência, enfrentando carrascos e toda forma de opressão que vai encontrando pela frente para a realização de seu grande sonho: o de ser artista. Traz como referência,fragmentos de vida de vedetes que fizeram a história do teatro de revista no Brasil e de outras artistas do final do séc. XIX e início do século XX. Teve como inspiração inicial o livro A Vagabunda, de Gabrielle Colette.

“Vamos fazer uma leitura a três vozes. Vamos respeitar o que acontece na peça, que é um monólogo da personagem Gigi, com vários personagens que se revezam na atuação de uma mulher só. Ao mesmo tempo, vamos ter a Nicolle na voz que lê as rubricas, assumindo a qualidade de encenadora, fazendo o contato com a área mais técnica da peça e eu entro nessa situação como uma queda do céu, com a personagem Cigana, dentro de um quadro fantasia na história. Ela fala em espanhol, o que tem a ver comigo e também com o processo, do jeito como eu também caí na revista de uma mulher só. Como a gente trabalhou junto na dramaturgia, em um trabalho conjugado, onde a criação foi da Nicolle e de Gisele, mas eu entrei nesse processo tentando reduzir e organizar para chegar na dramaturgia que a gente tem hoje. Como a escrita não foi solitária, achamos que a leitura da peça também não deveria ser.” Diz a dramaturga e produtora argentina Nadia Ethel.

O texto A Vagabunda mistura canto, fala e verso. A musicalidade da rima e do verso fica a cargo da Comèere, uma espécie de mestre de cerimônia, presente na estrutura do teatro de revista no início do século, e que é retomada na peça A Vagabunda para anunciar, contextualizar e apresentar o enredo. A parte cantada apresenta composições originais criadas pela compositora e cantora maranhense, residente no Rio, Didã. As músicas são cantadas pela atriz Gisele Vasconcelos e tocadas por uma banda formada por mulheres (Aline Oliveira, no violão; Nize Cavalcanti, na percuteria; Karolline Figueiredo, no trombone; Sarah, no sax; Thaynara Oliveira, violino; Mellanie Carolina, baixo), com direção musical, sanfona e arranjos de Rui Mário. Somam-se às composições de Didã, duas composições de Chiquinha Gonzaga formando a trilha musical da peça, disponível no Álbum A Vagabunda (Xama Teatro e Gisele Vasconcelos), publicado em todas as plataformas digitais, como Spotify, Apple Music, Deezer entre outras.

“Um desafio inicial da escrita”, diz Gisele, “foi pegar um gênero predominantemente composto por personagens masculinos com estereótipos e padrões normativos apresentados pela escrita dramatúrgica do homem e transformar essas referências para aquilo que nós, mulheres, gostaríamos de falar e destacar no teatro. Se o Malandro é figura que não pode faltar em uma revista, trazemos a Malandra, tendo como referência a Maria Navalha; se existe a figura mítica dos deuses, trazemos a Santa, baseada na história de Santa Bárbara; se o estrangeirismo era algo sempre presente nas revistas, chamamos a Cigana para fazer a magia em espanhol…e assim vamos tecendo as nossas transformações guiadas por uma prática feminista pensando em como a arte poderia responder às questões de gênero e de violência.”

O maior desafio que o projeto enfrenta no atual contexto, da pandemia do Covid 19, é o de fortalecer os vínculos de criação em modalidades não presenciais, pois estamos falando de uma equipe com mais de 30 pessoas produzindo: visualidades, sonoridades, luz, figurino, dramaturgia, e que precisam se comunicar fluidamente, sem interrupções. Quando isso não acontece, os problemas de comunicação acarretam conflitos, pois não estão necessariamente fazendo o espetáculo que a Nicolle pensou ou a Nádia ou a Gisele pensaram, ou mesmo o que qualquer um da equipe de criação possa ter imaginado, mas sim o que conseguiram construir juntos mas separados. Nesse momento em que a crise sanitária mundial está levando todos ao isolamento, a pergunta desafiadora para a equipe de dramaturgia foi: “como trabalhar juntos, de modo seguro, na construção de uma produção teatral, tendo o teatro, precisamente como uma das artes mais afetadas no contexto pandêmico, impedido de seguir existindo na sua modalidade presencial ao vivo?”

Na opinião de Nicolle Machado “a nossa maior dificuldade, como artistas no presente, é não saber que passo daremos amanhã, o que o amanhã vai nos permitir fazer? Então todas essas alternativas virtuais e vínculos online nas artes cênicas, são estratégias de sobrevivência frente às outras opções que parecem dizer: parem, não existam, não produzam, se recolham! Essa violência é uma ameaça para o projeto, mas na contrapartida, ela faz a gente se mover, pensar e criar outras maneiras possíveis e seguras para a saúde, segurança de todos os envolvidos no trabalho. Esse é o motivo de A Vagabunda ter tido tantos desdobramentos”, reflete a dramaturga e encenadora do projeto.

O poder de transformação e mudança que o projeto A vagabunda vem demonstrando é um pouco o reflexo de alguns dos caminhos que se revelaram possíveis de serem percorridos no presente pandêmico. Entre eles, a divulgação de um podcast para socializar os modos de criação dramatúrgica, oficinas de criação e produção teatral, lives com o compartilhamento da pesquisa e da produção, para que possam servir de estímulo e orientações para outros artistas que também estejam produzindo nesse momento. Uma apresentação do 1º Ato da peça, no formato presencial, em um grande palco e para poucas pessoas,também foi possível no final do ano passado. Essa apresentação, na reabertura do Teatro Napoleão Ewerton do SESC, serviu para nutrir o espetáculo de retornos a partir das experiências do público presencial. A escrita de artigos e dissertações para conceitualizar a prática das artistas-pesquisadoras, também é uma das ações que têm alcançado êxito para a difusão dos processos impulsionados pela cena teatral.

Para saber mais sobre essas variáveis do projeto acessem [email protected] e sigam @xamateatro no Instagram.

O quê:  Leitura teatral da peça A VAGABUNDA – REVISTA DE UMA MULHER SÓ
Quando: 11 de maio (terça-feira)
Hora: 20h30
Onde: Ao vivo online pelo Canal do Centro Cultural Midrash no youtube
https://www.youtube.com/user/midrashmidrash

 

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