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Conquista com sabor: mulheres do Piquiá inauguram restaurante em local das obra do novo bairro

O evento de inauguração contou com a participação de moradores do bairro (Foto: Idayane Ferreira)

10/04/2019

 

Horário de almoço, em Açailândia (MA), uma mesa repleta de comida: arroz, feijão, salada, farofa, carnes e frutas, além de sucos e refrigerantes. Pessoas reunidas comem e conversam animadamente. Poderia ser a descrição de um almoço de domingo, mas foi o pontapé inicial de um sonho: a inauguração do restaurante Sabor da Conquista, que ocorreu na última sexta-feira, dia 05 de abril. A iniciativa é de um grupo formado por 11 mulheres da comunidade açailandense de Piquiá de Baixo.

O “Almoço com prosa” foi realizado no local de construção do Piquiá da Conquista e reuniu cerca de 30 pessoas na cantina do barracão. A ideia do evento foi oferecer, de forma gratuita, um pouco “do tempero, sabor e comida” que o restaurante deve vender aos trabalhadores da obra. A venda da “alimentação caseira com qualidade e preço justo” deve proporcionar renda as essas mulheres que fazem parte das 312 famílias a serem reassentadas no novo bairro, ao qual deve levar no mínimo 24 meses para ficar pronto.

O evento de inauguração contou com a participação de moradores do bairro (Foto: Idayane Ferreira)
O evento de inauguração contou com a participação de moradores do bairro (Foto: Idayane Ferreira)

O grupo feminino e a proposta de criação de um restaurante são resultados de uma oficina sobre associativismo e cooperativismo realizado em janeiro de 2019, com moradores do bairro, por meio da Associação de Moradores de Piquiá de Baixo (ACMP). Como pontua Regilma de Santana, militante social que realizou a oficina: “É um grupo diferente que não tem experiência de restaurante coletivo, comunitário”. Ela destaca como esse trabalho fortalece tanto o grupo de mulheres quanto a própria ACMP. “A Associação entrou com o apoio financeiro para que elas fizessem a primeira compra, que elas não teriam condições sozinhas de fazer, dando um prazo enorme pra elas pagarem esse valor. Além disso, fizeram o diálogo direto com a empresa [que deve executar a obra]”.

Regilma tem assessorado as mulheres com o apoio do projeto “Maranhão Mais Justo e Solidário”, da Secretária de Estado do Trabalho e Economia Solidária (Setres), que é executado pela Fundação Grupo Esquel Brasil: Experiências em gestão de fundos rotativos. Com formação em Administração e pós-graduação em Economia, ela é educadora, membro do Conselho Estadual de Economia Solidária e agente do projeto “Maranhão Mais Justo e Solidário”. “Para mim trabalhar sobre a perspectiva de uma economia feminista e solidária é uma escolha. A gente insiste que iniciativas coletivas podem transformar realidades locais e a realidade para essas mulheres. A economia solidária se apresenta como uma alternativa”, ressalta.

O restaurante Sabor da Conquista é uma iniciativa é de 11 mulheres da comunidade de Piquiá de Baixo (Foto: Idayane Ferreira)
O restaurante Sabor da Conquista é uma iniciativa é de 11 mulheres da comunidade de Piquiá de Baixo (Foto: Idayane Ferreira)

 

A inauguração do restaurante Sabor da Conquista já tem despertado muitos sonhos nesse grupo de mulheres, como é o caso de Maria das Graças Salviano, de 55 anos. Ela explica que a ideia é, no futuro, ampliar essa experiência cultivando uma horta comunitária, criando galinhas e porcos, de modo a abastecer a demanda do próprio restaurante. “ A gente tem local pra fazer tudo isso. Tem um terreno que dá pra fazer os criatórios de galinhas, de porcos, a horta. O problema é que a gente tem que ir devagar, porque atualmente nós somos poucas”.

Andréia da Silva Machado, de 31 anos, também está animada: “Tá sendo uma experiência muito nova. Eu tô me sentindo realizada, porque o melhor de fazer a comida não é a gente comer e achar a comida boa, é a gente saber que as pessoas se satisfizeram com aquela comida que a gente fez”. Ela ressalta ainda que tem aprendido muito com o trabalho em grupo e que está realizando também um desejo: “Todas as mulheres da comunidade de Piquiá de Baixo tinham essa vontade [de trabalhar na obra]. Então, muitas ‘ah, eu não me formei, não estudei, não fiz isso’, mas consegue trabalhar numa cozinha. Como eu sempre tive vontade, falei que se fosse pra trabalhar aqui, na cozinha, eu me interessava. Quando teve essa formação com a gente e de lá surgiu esse grupo que se interessou, eu entrei nele, com certeza! ”, finaliza ela, rindo.

Por Idayane Ferreira

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