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Racismo religioso! Maranhão precisa de sistema de justiça racial

Ritual de Candomblé na Casa Fanti Ashanti | Foto: Márcio Vasconcelos

“O orixá não vem à terra para disseminar ódio, não vem para disseminar raiva, rancor. O orixá vem para disseminar paz, amor e respeito”, afirmou Mãe Kabeka de Xangô, durante entrevista ao Jornal Tambor de quinta-feira (04/07).

Ela é a liderança religiosa, a Yalaxé da Casa Fanti Ashanti. O terreiro foi fundado pelo Pai Euclides de Talabyan e tem 64 anos de existência em São Luís.

Racismo religioso

A luta contra o racismo religioso e o respeito à liberdade de culto no Maranhão enfrenta muitos desafios. Esta violência é expressada de diversas formas.

O ataque a Casa Fanti Ashanti em abril de 2022 por líderes religiosos da Igreja Pentecostal Jeová Nissi e Igreja Ministérios de Gideões e a depredação da estátua de Iemanjá, em julho de 2023, são exemplos das crescentes ameaças e do ódio racial contra religiões de matriz africana.

No caso dos ataques que aconteceram em 2022, a Justiça maranhense condenou os líderes religiosos a pagarem uma multa de cinco mil reais por danos morais coletivos.

Foi determinado que os réus não promovam manifestações que ameacem ou perturbem a prática de religiões de matriz africana no estado.

Porém estes casos não são isolados. Por isso há a necessidade da criação de mecanismos de combate à essa estrutura racista.

Foi sobre este tema que a Mãe Kabeka e Jorge Serejo falaram durante o Jornal Tambor de quinta-feira (04/07). Jorge é Ogan apontado e advogado da Casa Fanti-Ashanti.

(Veja, ao final deste texto, o Jornal Tambor com a íntegra da entrevista de Mãe Kabeka e  Jorge Serejo) 

Para Jorge é urgente que se construa estratégias de funcionamento da delegacia de crimes raciais. Além de avançar na criação de um micro sistema de justiça racial no Maranhão

“Hoje a delegacia funciona de forma precária. É chegada a hora de termos uma Defensoria especializada, uma Promotoria e Vara especializada, para que as denúncias de racismo religioso sejam melhor qualificadas”, disse Serejo.

A Mãe Kabeka ressaltou como as religiões de matriz africana têm uma importância gigantesca na tradição do povo. E também contribuem há séculos para a riqueza cultural, social, ambiental e da própria memória histórica.

Relembre o caso

Em abril de 2022 religiosos da Igreja Pentecostal Jeová Nissi e da Igreja Ministério de Gideões, fizeram uma manifestação em frente à Casa Fanti Ashanti.

Durante o ato, utilizaram um carro de som, faixas e distribuíram panfletos com palavras de ordem contra o terreiro. O caso ganhou repercussão nacional e denúncias por racismo religioso foram feitas.

Leia também: Quais as consequências? Negros linchados e torturados em São Luís!

Jorge Serejo destacou que a condenação tem um cunho educativo para que não haja mais ações como estas. É preciso respeito à forma de culto das religiões de matriz africana.

A Mãe Kabeca evidenciou como os povos de terreiro têm o cuidado ao fazer denúncias deste tipo. “Nós não estamos aqui para desrespeitar, esse não é nosso papel. Não queremos que as pessoas nos tolerem, queremos que as pessoas respeitem a nossa ancestralidade, o nosso sagrado”, falou a Yalorixá.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Mãe Kabeka e  Jorge Serejo)

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