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Parnarama! Morte de criança é atribuída ao agronegócio

Água poluída por agrotóxicos que servem a comunidade Cocalinho. Foto: CPT

No dia 11 de maio, uma criança de dois anos morreu no município maranhense de Parnarama. Ela faleceu em decorrência de problemas respiratórios.  

Lideranças quilombolas da região dizem que a criança foi vítima do agronegócio, por conta do uso de agrotóxicos na região. Sua família mora a poucos metros de um campo de soja, onde o veneno, agrotóxico, é pulverizado. 

A denúncia foi feita por Raimunda Nonata e Socorro Alves, duas das lideranças da comunidade quilombola, que fica no município de Parnarama. Elas deram entrevista ao Jornal Tambor de terça-feira (06/06).

(Veja, ao final deste texto, a entrevista de Raimunda e Socorro)

A chuva de agrotóxicos na região é um fato concreto. Agrotóxico é veneno. O caso da criança é citado, por moradores de Parnarama, como um exemplo da trágica situação da região. O pior caminho é ignorar as graves denúncias, é fechar os olhos para o problema.

Outra denúncia seríssima, que também chegou a Agência Tambor, seria a dificuldade da comunidade para conseguir, na região, um parecer médico associando o veneno dos agrotóxicos a contaminações das pessoas. Quem investiga?

Este problema em Parnarama foi denunciado em uma audiência realizada no dia 1º de junho, na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). 

A ação foi realizada a partir de várias organizações sociais como a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado; a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida; a Comissão Pastoral da Terra (CPT); e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Segundo Raimunda, a comunidade de Cocalinho sofre há 17 anos com a pulverização aérea de agrotóxicos, que começou com a empresa Suzano, até a chegada dos produtores de soja. 

Ela relatou que crianças, mulheres e idosos estão apresentando vários problemas de saúde como, vômito, bolhas pelo corpo, problemas respiratórios, câncer de pele, tontura e escurecimento da urina. Tudo isso é atribuído aos agrotóxicos.

“Os nossos açudes eles (os produtores de soja) secaram. Os babaçuais estão derrubando. Nesse mês de maio, eles passaram tratores por cima do nosso cemitério, onde os nossos ancestrais estão enterrados, um desrespeito enorme”, denunciou Raimunda Nonata. 

Leia também: Deputado exalta agricultura familiar e diz que violência do agronegócio não pode ser naturalizada

Além disso, para saírem de suas casas, os quilombolas precisam atravessar pelo campo de soja e muitas vezes são atingidos por venenos lançados pelos aviões. 

As duas lideranças também ressaltaram que esses mesmos problemas se repetem em outras comunidades vizinhas.

“Dentro do território já perdemos muitas pessoas depois desse agrotóxico. A gente faz um apelo às autoridades, estamos pedindo socorro, porque a tendência é morrer mais gente”, expôs Socorro Alves.

A comunidade espera que os governos estadual e federal atuem em favor dos moradores da região. “Estamos precisando de socorro!”, clamaram as duas lideranças entrevistadas. 

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Raimunda Nonata e Socorro Alves)

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