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Dinheiro é para Luan Santana! Em São Luís a cultura local tem sido marginalizada

prefeito Eduardo Braide com brincantes de São João | Foto: Divulgação

Enquanto São Luís vive sua paixão pelas festas juninas, a Prefeitura da cidade admitiu, em nota oficial, que o valor pago recentemente com o cachê de Luan Santana foi, em média, 50 vezes maior que o cachê dos artistas ou grupos culturais locais. É um escândalo! E o detalhe é que os artistas da terra podem receber com um atraso de até seis meses, enquanto os shows vindos de fora recebem adiantado. 

Foi neste clima que misturou alegria e indignação, que o Jornal Tambor de sexta-feira, 23 de junho, véspera de São João, recebeu Letícia Cardoso, para uma entrevista. Ela é jornalista e professora da UFMA, pesquisadora, estuda e vivencia a cultura maranhense, sendo também coreira e boieira.  

A entrevista também contou com a participação de Josemberg Pinheiro (Berg da Pindoba), que cantou algumas toadas e tratou de assuntos relativos à cultura popular do Maranhão. 

Ele foi o grande vencedor do Festival de Toadas de São Luís (Festoada), evento promovido pela Prefeitura, realizado em maio deste ano. Berg ficou na primeira colocação geral e também foi o melhor intérprete com a toada “Cidade querida, São Luís do Maranhão” (sotaque de matraca), composta pelo Tenente Geraldino.

Berg da Pindoba recebendo das mãos do secretário Municipal de Cultura, Marco Duailibe, cheque simbólico de um dos prêmios que levou na Festoada | Foto : Divulgação

Na premiação geral o cantador conquistou a quantia de R$ 10.000,00 e como melhor intérprete o prêmio de R$ 3.000,00. 

Berg da Pindoba expôs que, no entanto, até hoje não recebeu a premiação da Prefeitura de São Luís. 

(Veja, ao final deste texto, a edição completa do Jornal Tambor com a entrevista de Letícia Cardoso, com a participação de Berg da Pindoba)

A professora Letícia falou da festa, da paixão popular e também da relação desse fenômeno cultural com a política e a economia.

Leia também: Arraial de Santo Antônio é referência e tradição

Ao comentar sobre “a aberração Luan Santana”, a pesquisadora disse que não percebe “vontade política de incentivar e fomentar uma cadeia produtiva da cultura do Maranhão”. E ela acrescenta “precisamos fiscalizar. O dinheiro é nosso”. 

Leticia coordena o Grupo de Estudos Culturais da UFMA, que lançou no ano passado o projeto Caminhos da Boiada. O trabalho já se tornou referência e pode ser ampliado, desde que tenha investimento para viabilizá-lo.  

A pesquisa mapeou em torno de 90 grupos de Bumba-meu-boi espalhados pela Grande Ilha de São Luís, tratando de suas histórias, rotinas, alegrias e dificuldades. O projeto pode, inclusive, servir como banco de dados para elaboração de políticas públicas voltadas para a cultura do Maranhão.

Na opinião de Letícia, nos últimos dez anos muitos arraiais da cidade de São Luís passaram a ser menos “populares”, com mais “palco”, distanciando os grupos das pessoas. “Não sou contra a mudança. Mas a mudança tem que ser para melhorar”, declarou a professora.

O Outro lado

A Agência Tambor está tentando ouvir a Prefeitura de São Luís sobre a denúncia feita por Berg da Pindoba. Tão logo a Prefeitura responda, nós atualizaremos esta matéria, com a versão do poder público municipal.

(Veja a edição completa do Jornal Tambor com a entrevista de Letícia Cardoso e a participação de Berg da Pindoba)

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