A campanha de financiamento coletivo Ateliê da Lage Zé Darci está sendo realizada com o objetivo de arrecadar R$80 MIL para a construção do ateliê comunitário do artista plástico José Darci Barros Gonçalves, em Arroio Grande (RS), no extremo sul do Brasil. A ação é movida pelo Instituto Cultural Ateliê da Laje.
A obra do artista ficará à disposição da comunidade, o espaço será dedicado à arte, cultura negra, educação e turismo do extremo sul.
Para falar sobre a campanha e o projeto, o Jornal Tambor de sexta-feira (18/11) entrevistou o próprio Zé Darci, um pintor-contador de estórias, que tem obras que dialogam com livros, caso de “Donos do Orvalho”, do escritor haitiano Jacques Roumain, tido por Jorge Amado como um dos 20 maiores romances populares do século 20. E entrevistamos também Marília Floôr Kosby, poeta e antropóloga, professora da Universidade Federal do Pampa – Campus Uruguaiana.
(Veja, ao final desse texto, a edição do Jornal Tambor com Zé Darci e Marília Floôr Kosby)
Zé Darci passou 22 anos de sua vida dedicados a pintura. As obras do artista têm ocupado espaços renomados, como na exposição Presença Negra no Margs, a maior exposição de artistas negros da história do Rio Grande do Sul.
O trabalho de Zé Darci se propõe a refletir sobre a diáspora negra no Rio Grande do Sul. A sua pintura é carregada de memória e ancestralidade negra, trazendo reflexão sobre as desigualdades sociais no país. “Eu tenho um trabalho que pra mim tem um valor enorme, ele se chama Fome Zero. Quando Lula se tornou presidente do Brasil e lançou a campanha para o mundo, falando da fome, eu entendi que fome não é só de comida, mas de educação, de saúde, de trabalho e outras coisas. Esse quadro foi bastante premiado”, reforçou o artista.
Segundo Marília, amiga do artista, o ateliê é importante para a promoção da relevância social. “Precisamos desse espaço, vai ser um lugar para as pessoas conhecerem a história das influências afro brasileiras da região sul, através das obras de Zé Darci. Será um lugar para receber artistas, realizar cursos e oficinas para a comunidade”, frisou a professora.
Zé Darci disse que a ideia de criar o Ateliê surgiu de um desejo antigo de conseguir um espaço para a pintura. “ Eu sempre tive um sonho de ter um espaço para pintar e receber amigos. Conversando com a Marília e com outras pessoas, surgiu essa ideia de fazer a campanha para erguer o ateliê. Será um local também para meu acervo. Hoje eu não tenho local para colocar essas obras porque são muitas”.
Os valores para a arrecadação se iniciam em R$15,00 e vão até R$30 mil ou mais, com suas respectivas recompensas, entre elas a aquisição de obras do artista, incluindo o famoso quadro Fome zero, de 2003, premiado pelo Sesi Descobrindo Talentos.
Mais informações sobre o projeto está na plataforma Apoia.se, pelo link: https://apoia.se/ateliedalaje
(Veja abaixo, em nosso canal do Youtube, o Jornal Tambor com a entrevista completa de Zé Darci e Marília Floôr Kosby)