A partir dessa sexta-feira, 28, será lançado nas redes sociais do Coletivo Pedal das Minas episódios da websérie “Caminhos das Pretas” que mostra a experiência das mulheres moradoras do Coroadinho e adjacências, em especial as mulheres negras, com o projeto “Caminhos das Pretas”.
A websérie documental foi lançada nesta quinta-feira (27), na Casa das Pretas, no bairro do Coroadinho e destaca o uso da bicicleta por esse público feminino e também como a desigualdade de gênero, raça e classe são fatores agravantes na falta de acesso à cidade e nos impactos das mudanças climáticas.
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O Coroadinho é uma comunidade da periferia de São Luís, uma ocupação urbana, consolidada na década de 1980. Atualmente é reconhecida como um polo que agrega outras comunidades.
“Caminho das Pretas” conta, em três episódios, os impactos do racismo ambiental e das mudanças climáticas no território e a autonomia proporcionada pela leitura e pelo uso das bicicletas. Por meio dos depoimentos e percepções das participantes sobre as atividades desenvolvidas pelo projeto na comunidade.
O “Caminhos das Pretas” foi realizado entre abril e agosto de 2022, com o objetivo de fortalecer mulheres no território do Coroadinho, por meio do acesso à leitura com a atividade Pretoteca, informação, cultura e uso sustentável da bicicleta.
A iniciativa é resultado da parceria dos coletivos Mulheres Negras da Periferia e Pedal das Minas e conta com o apoio do Edital “Cidades Amazônicas: floresta viva em movimento”, do Fundo DEMA, fundo que apoia diversos projetos socioambientais coletivos na Amazônia.
Jaana Pinheiro, da Pedal das Minas, explica que a vivência das mulheres na cidade, por meio da bicicleta, possibilitou observar como o racismo impacta na vida das mulheres negras e como são impactadas diariamente pela falta de políticas públicas de acesso à cidade e também ao lazer.
Jaana destaca que as mulheres nas comunidades periféricas já usam a bicicleta como meio transporte, mas não têm tempo para utilizar o veículo para passeios ou esporte, por exemplo, devido à grande carga de trabalho que essas mulheres acumulam.
A experiência foi bastante agregadora para ambos os Coletivos por possibilitar novos fazeres e visões em torno da cultura do uso sustentável da bicicleta na periferia. O quanto existem outras interseções para além do simples ato de pedalar, a exemplo das pautas sobre mudanças climáticas, direito à cidade, racismo estrutural e ambiental que atravessam a vida dessas mulheres.
“O projeto é mais um passo em direção as mudanças sociais positivas que almejamos à essas populações vulnerabilizadas”, disse Meirivania Correia, Coordenadora de Atividades de Mediação de Leitura do projeto Caminhos das Pretas e integrante do Coletivo Mulheres Negras da Periferia.