Skip to main content

Bolsonaro e aliados são alvos da PF

Operação da PF mira ex-presidente de extrema direita

ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos alvos de uma operação da Polícia Federal deflagrada na quinta-feira (08/02).

A operação também mirou os ex-ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Braga Netto (Casa Civil), que foi vice na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022. O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, o ex-ministro da Defesa, o general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, também são alvos.

Dois ex-assessores de Bolsonaro foram presos: Filipe Martins, assessor para Assuntos Internacionais da Presidência e o ex-ajudante de ordens coronel Marcelo Câmara, segundo apuração do O Globo

Ambos são investigados por supostamente participarem de uma uma organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, a fim de manter no poder o então presidente Jair Bolsonaro.

No total, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e outras 48 medidas cautelares, incluindo proibição de contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.  

Os mandados estão sendo cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. 

As investigações da Operação Tempus Veritatisas indicam que, durante o período eleitoral de 2022, foram organizados grupos para disseminar informações falsas sobre fraude nas eleições, mesmo antes das votações. O objetivo era viabilizar uma intervenção militar. 

De acordo com a PF, “o primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022”.  

Já o “segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível”.  

Os fatos investigados podem levar à imputação pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. 

STF tira sigilo de vídeo de reunião que pode implicar Bolsonaro em trama golpista

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantou na sexta-feira (09/02) o sigilo do vídeo da reunião ministerial realizada pelo Jair Bolsonaro (PL) em 5 de julho de 2022. Na ocasião, o ex-presidente instigou os chefes das pastas contra a Justiça Eleitoral e reforçou fake news.

A retirada do sigilo aconteceu após o jornal O Globo revelar o conteúdo do vídeo. O material é um dos elementos utilizados pela Polícia Federal (PF) para realizar a operação Tempus Veritatis, que cumpriu nesta quinta-feira (08/02) buscas contra ex-ministros do primeiro escalão de Bolsonaro e militares de alta patente alinhados ao bolsonarismo para investigar as articulações golpistas durante o governo de do ex-presidente. Também foram detidos três ex-auxiliares de Bolsonaro.

No vídeo de mais de 1h30 de duração estão presentes vários ministros do então governo que ouvem Bolsonaro repetir fake news sobre o funcionamento das urnas e o Tribunal Superior Eleitoral, atacar ministros do STF, ordenar a eles que repitam as informações distorcidas e sugerir até a redação de uma nota conjunta entre os ministério para afirmar que seria impossível atestar a lisura das eleições.

“Olhem pra minha cara, por favor. Todo mundo olhou pra minha cara? Acho que não tem bobo aqui. Pô, mais claro do que tá aí? Mais claro … impossível! Eu acredito que essa proposta de cada um da Comissão de Transparência Eleitoral tem que … quem responde pela CGU vai, quem responde pelas Forças Armadas aqui… é botar algo escrito, tá? Pedir à OAB. Vai dar… a OAB vai dar credibilidade pra gente, tá? Polícia Federal … dizer … que até o presen … uma nota conjunta com vocês, com vocês todos … topam … que até o presente momento dadas as condições de … de … se definir a lisura das eleições são simplesmente impossíveis de ser atingidas. E o pessoal assina embaixo”, afirmou o então presidente.

Bolsonaro abre a reunião espalhando várias fake news. Ele chega a afirmar que o fato de ele estar sentado na cadeira presidencial seria uma “cagada” e alerta seus ministros para agirem contra as supostas fraudes na eleição que garantiriam a vitória de Lula. “Essa cadeira aqui é uma cagada, eu estar aqui é uma cagada. Cagada do bem pra deixar bem claro. Como que eu ganho uma eleição, fudido como eu, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado”, disse Bolsonaro

“Porque os cara tão preparando tudo, pô! Pro Lula ganhar no primeiro turno, na fraude. Vou mostrar como e porquê. Alguém acredita aqui em Fachin, Barroso, Alexandre de Moraes? Alguém acredita? Se acreditar levanta o braço! Acredita que eles são pessoas isentas, tão preocupado em fazer justiça, seguir a Constituição? De tudo que são … Tão vendo acontecer?”, seguiu o então presidente.

Foto: Reprodução

Deputado federal por quase trinta anos, eleito pelo sistema que ele depois acusou de não ser confiável, Bolsonaro repete várias teses e suspeitas que nunca foram provadas. De acordo com as investigações da PF, os ataques ao sistema eleitoral e o levantamento de dúvidas sobre a confiabilidade das urnas seriam a primeira etapa das articulações golpistas para manter Bolsonaro no poder

Na reunião, os ministros acabam endossando o discurso do então presidente. O chefe da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, chega a afirmar que estava mantendo reuniões constantes com os comandantes das forças para ver quais ações poderiam adotar para garantir a reeleição de Bolsonaro. 

“Senhor Presidente, eu estou realizando reuniões com os comandantes de Força quase que semanalmente. Esse cenário, nós estudamos, nós trabalhamos. Nós temos reuniões pela frente, decisivas pra gente ver o que pode ser feito; que ações poderão ser tomadas pra que a gente possa ter transparência, segurança, condições de auditoria e que as eleições se transcorram da forma como a gente sonha! E o senhor, com o que a gente vê no dia a dia, tenhamos o êxito de reelegê-lo e esse é o desejo de todos nós”, afirmou.

Leia também: Crime na Abin é consequência da ditadura militar

Uma das falas mais surpreendentes ocorre ao final da reunião, quando o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno chega a afirmar que conversou com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para, segundo a PF, infiltrar agentes nas campanhas eleitorais.

“Eu já conversei ontem com o Victor, novo diretor da Abin, nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados vão fazer. O problema todo disso é se vazar qualquer coisa, a gente se conhece nesse meio, qualquer acusação de infiltração”, afirmou o ministro que foi logo interrompido por Bolsonaro. “Ô general, peço que o sr não fale, por favor, não prossiga na tua observação”. Confira a íntegra do vídeo:

Texto originalmente publicado no Brasil de Fatos

Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x

Acesso Rápido

Mais buscados