O caso de agressão física contra um motoboy que entregava mercadoria, ocorrido em São Luís, causou indignação na sociedade, inclusive fora do Maranhão A truculência foi registrada no bairro do Calhau, no último dia 29 de outubro
Trata-se de uma situação que remete a racismo e a exploração do trabalho, dois grandes problemas do Brasil, a partir da sua própria história. A vítima era um jovem negro.
O Jornal Tambor de segunda-feira (05/11) tratou do assunto. Entrevistamos a advogada Caroline Caetano.
Ela é presidenta da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB/MA e integrante da Comissão de Direitos Humanos da mesma OAB/MA.
(Veja, ao final deste texto, a edição completa do Jornal Tambor, com a entrevista da advogada).
Na opinião de Caroline Caetano, a violência física contra Matheus Carvalho é um castigo físico que remete a escravidão moderna.
Ela explicou que a agressão contra o trabalhador de São Luís foi uma forma de dizer “quem manda sou eu”. E explicou que racismo é subjulgar o outro a violência, lembrando de um outro caso onde o entregador levou chicotadas de um cliente
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A advogada enfatizou a questão do racismo e começou sua fala no Jornal Tambor mostrando números, falando de pesquisas que revelam o perfil dos motoboys no Brasil, onde quase 70% são de homens negros, trabalhadores de 20 a 30 anos. Em São Luís, pelo perfil da região, este número de negros certamente é maior.
Na opinião da advogada, os motoboys estão submetidos a um trabalho precarizado, com total ausência de direitos. Sobre isso, a Agência Tambor apurou que são comuns as grosserias e os destratos contra esses trabalhadores.
A integrante da OAB enfatiza que o poder público precisa se manifestar em favor dos trabalhadores, no caso os motoboys, sobre uma situação que envolve toda uma construção social de “negação de direitos fundamentais,” negação da dignidade. Ela coloca que o problema que se estabeleceu em torno de Matheus “não é uma ação isolada”.
Caroline tratou também na entrevista sobre a resposta agressiva de um grupo grande motoboys, diante de toda a violência e covardia contra o Matheus Carvalho.
Sobre isso, a advogada disse que “estamos aqui para evitar qualquer tipo de violência física nesta relação”, falando sobre entregadores, empresas e clientes.
Mas diante da realidade, ela disse o óbvio, que todo o estresse envolvido, “a reação está justificada, mesmo sem está autorizada”.
(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Caroline Caetano)