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Num Maranhão onde a democracia não chega! Quem tem interesse no assassinato de Doka?

A quem interessa a morte do líder quilombola José Alberto Moreno Mendes, assassinado com cinco tiros na sexta-feira, 27 de outubro?

Ele vivia em uma terra marcada por conflitos com fazendeiros e posseiros. Foi executado bem próximo de sua casa. Dois homens chegaram em uma moto e cometeram o crime.

Conhecido como Doka, 47 anos, ele era do Quilombo Jaibara dos Rodrigues, no município de Itapecuru Mirim, no Maranhão.

Doka era o presidente da Associação de Moradores do Quilombo Jaibara dos Rodrigues, uma das oito comunidades que compõem o Território Quilombola de Monge Belo. Lá vivem mais de 500 famílias.

A comunidade de Doka é uma das 168 comunidades do Maranhão reconhecida pela Fundação Cultural Palmares, aguardando a titulação do seu território tradicional junto ao INCRA, há mais de 20 anos.

Desgraças sucessivas

O assassinato de Doka não é um caso isolado. O Maranhão é o estado brasileiro com maior quantidade de violências contra comunidades rurais. É o que dizem relatórios de entidades como a Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Existe todo um massacre contra povos e comunidades tradicionais, contra trabalhadores rurais, contra quilombolas e indígenas.

O agronegócio é o principal promotor da violência. A estrutura oligárquica do Estado, que controla a máquina pública desde o século XIX, é latifúndiaria, cúmplice dos sucessivos crimes (incluindo os assassinatos).

Diante do massacre, o cenário no Maranhão é de total insegurança e impunidade.

Na véspera da morte de Doka, no município maranhense de São Benedito do Rio Preto, seis quilombolas foram presos pela polícia. Por interferência do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN), foram soltos no dia seguinte.

Esses seis quilombolas presos são de uma comunidade/território que está em conflito com ditos fazendeiros. As prisões foram determinadas por integrante da justiça maranhense. O fato foi visto como uma criminalização da luta popular.

Leia também: Inédito! Assassinato de liderança indígena vai para júri popular

Polícia para quem precisa

No mesmo Maranhão de Doka, dois madeireiros serão julgados em breve pelo assassinato da liderança indígena Paulino Guajajara no município de Bom Jesus da Selva.

Os acusados de matar Paulino fizeram todo um esforço para tirar o processo das mãos da Justiça Federal.

A tentativa desses acusados de executarem a liderança indígena tem todo uma justificativa. Faz sentido.

Eles sabem que longe da Justiça Federal a chance de impunidade seria muito maior.

Como já foi dito aqui neste texto, a estrutura oligárquica do Maranhão controla a máquina pública. É a extrema direita em seu estado puro.

No Maranhão reina a impunidade em favor de grandes ladrões e invasores de terras, em favor de fazendeiros, latifúndiarios, hoje escondidos sob o manto do agronegócio.

E fica agora, infelizmente, mais esta pergunta: a quem interessa o assassinato do líder quilombola José Alberto Moreno Mendes, o Doka?

Com informações da Justiça nos Trilhos

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