As famílias da Comunidade Bom Acerto, no município de Balsas (MA), tiveram suas casas incendiadas, na última quarta-feira (23/08).
A barbárie aconteceu por volta de 15h, quando uma caminhonete branca, sem placa, invadiu a localidade e um grupo de quatro a cinco homens cometeram o crime. Os moradores tinham saído para trabalhar.
É o que consta num Boletim de Ocorrência. Os prejudicados foram Luisa dos Santos, Jair dos Santos e a família de dona Maria dos Santos. Os pertences dos moradores foram destruídos pelo fogo.
O Boletim de Ocorrência informa ainda que “constantemente, a comunidade tem sofrido perturbações por um drone que fica sobrevoando a comunidade e por homens que invadem e tentam intimidar os moradores”.
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Há litigio judicial pela posse da terra, fato que também está informado neste último Boletim de Ocorrência.
A Agência Tambor denunciou este incêndio em diferentes redes sociais. O assunto repercutiu e até a mídia de mercado registrou a situação criminosa.
Segundo apuramos, diante de tamanha violência, existe a expectativa entre as pessoas que apoiam a comunidade, que a segurança pública do Estado, sob o comando do governador Carlos Brandão (PSB), possa agir em favor das vítimas que tiveram suas casas liquidadas.
“A situação é cada dia mais difícil. A quantidade de vezes que a comunidade foi importunada e ameaçada é incontável. E, nada foi feito no âmbito da Justiça. As pessoas que vivem na comunidade precisam ter a sua dignidade preservada. É preciso cessar esses atos de ameaças e violência. A situação é lamentável”, narrou indignada a advogada Lucilene Nunes.
Histórico
Lucilene é filha do trabalhador rural Manoel Batista Nunes, de 87 anos, que morreu deprimido, no dia 04 de fevereiro de 2022, após ter sido expulso da comunidade Bom Acerto, em agosto de 2020, por conta de uma decisão liminar do juiz Tonny Carvalho de Araújo Luz.
A comunidade Bom Acerto foi constituída há mais de cinco décadas e lá, além da residência fixa, os camponeses realizavam diversos cultivos, como mandioca, milho, arroz, feijão, manga, caju, além da criação de galinhas e patos.
Há pouco mais de um ano, a comunidade recebeu eletrificação rural.
Em 11 de agosto de 2020, em plena pandemia, os moradores de Bom Acerto foram surpreendidos com a chegada de policiais armados, oficial de justiça, seguranças e tratores. Eles derrubaram todas as casas e destruíram as roças da comunidade.
Trata-se de um tipo de violência que não pode ser naturalizada, em uma sociedade que se propõe democrática.