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Patriarcado, violência e interdição das mulheres: Os reflexos do Caso do Vereador Domingos Paz.

Mary Ferreira

Mary Ferreira, feminista e professora universitária

Por Mary Ferreira*

Falar de violência é falar sobretudo do patriarcado, sistema masculino de opressão das mulheres que se agudizou com o capitalismo, quando as mulheres foram alijadas do sistema de produção e foram confinadas no mundo do privado.

O patriarcado que nasceu em tempos imemoriais, naturalizou a opressão das mulheres e fortaleceu a crença da sua inferiorização e submissão, razão porque em qualquer projeto de recomposição das sociedades democráticas é preciso pensar e implementar políticas públicas que fortaleça o protagonismo das mulheres e reeduque a sociedade para conviver com o que foi denominado de diferente.

Sim, somos diferentes! Não queremos ser consideradas homens, queremos ser mulheres, mas, iguais em direitos e obrigações, inclusive nas escolhas de nossos parceiros e no direito de ir e vir, no direito de nos candidatarmos, sem estranheza e no direito de cobrar paridade nos cargos de representação.

A violência que se abate sobre nós desde o nascimento, precisa ser combatida para que possamos crescer livres, tal qual os homens. O cerceamento imposto a mulher pelas várias formas de violências: sexual, doméstica, simbólica, muitas vezes sutil, impõe sobre nós regras que nos amedrontam, nos interditam e nos impedem muitas vezes de falar, expor nossas opiniões. Impõe o silêncio que nos martiriza e nos cala.

Neste momento que a sociedade ludovicense começa a tomar conhecimento das suas instituições consideradas democráticas e percebe a omissão da maioria dos que compõem a Câmara Municipal de São Luís é importante refletir sobre isso.

Por que o Vereador denunciado por várias mulheres, tem sido protegido por seus pares?Por que nós feministas estamos sendo atacadas pelos machistas? Como se estivéssemos cometendo um sacrilégio contra um “pai de família honrado”.

As graves denúncias que recaem sobre esse vereador não são diferentes das que recaíram sobre Sebastião do Coroado acusado de vários estupros e que esta mesma Câmara em outro momento, não fez nada.

Não!! É preciso tomar posição! A Câmara Municipal de São Luís não é uma instituição privada, tem leis que regem sua ação política, tem um Presidente do PCdoB, portanto um Partido de Esquerda, que em seus princípios, certamente não coadunam com esse tipo de prática.

Então, por que não responde as reivindicações dos movimentos feministas e apura as denúncias? E os desembargadores que são contrários ao habeas corpus impetrado indevidamente por que não se manifestam?

Neste momento os movimentos feministas estão recebendo apoio de alguns partidos, a exemplo do PSTU, e dos movimentos sindicais, CTB, CUT, CSPConlutas, que sabem e tem clareza que o patriarcado, impregnado nas instituições, precisa ser combatido, através de ações como as que vem sendo realizadas pelos movimentos.

A hora é de adesão a esta causa para que se possa recompor o real sentido da Câmara de São Luís: Um poder político responsável por debaterem e aprovarem leis que conduzirão os interesses da Cidade e de seus cidadãos e cidadãs.

*Mary Ferreira é professora da UFMA, Bibliotecária e doutora em Sociologia.

Sobre o autor

Mary Ferreira

Professora do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão e do Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas/UFMA. É Pós doutora em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais. É autora dos livros: Vereadoras e Prefeitas: ação política e gênero (2015); Os Bastidores da Tribuna: mulher, política e poder no Maranhão (2010); As Caetanas vão a luta: feminismo e políticas públicas (2007); e organizadora das publicações: Mulher, Gênero e Políticas Públicas (1999); Gênero, Política e Poder: participação das mulheres nos espaços de poder no Norte e Nordeste. (EDUFMA, 2012); Conhecimento feminista e relações de gênero. (EDUFMA, 2012), Direitos Iguais para sujeitos de direitos (em co-autoria) (2016); e Livro, Leitura e Bibliotecas em tempos sombrios (2017). É Membro da Coordenação Estadual do Fórum Maranhense de Mulheres.

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