O tema da violência política voltou à tona, no último final de semana, com o assassinato de Marcelo Arruda, um militante do PT. O crime ocorreu em Foz do Iguaçu, no Paraná. O assassino é um policial bolsonarista, José da Rocha Guaranho. Ele invadiu a festa de aniversário da vítima, com arma em punho, gritando o nome de Bolsonaro. Um crime de ódio. O caso provocou reações e perplexidade no meio político e na sociedade.
Essa grave situação foi discutida no Jornal Tambor desta quarta-feira (13), que conversou com Wagner Cabral da Costa, historiador, professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que foi presidente da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos.
(Veja, ao final desse texto, a íntegra do Jornal Tambor, com a entrevista de Wagner Cabral)
Segundo o historiador, a violência sempre existiu no Brasil. Lembrou que nossa sociedade “foi instituída a partir do genocídio indígena e da escravidão africana”. Mas afirmou que essa violência “ganha novos contornos no momento atual”, em decorrência da “onda fascista”, que resultou na eleição de Bolsonaro em 2018.
Wagner lembra todo um discurso e ação do atual presidente no sentido de disseminar o ódio, estimular o autoritarismo, onde o golpe está sempre no horizonte, falando e agindo para aumentar a circulação de armas de fogo, pregando o fuzilamento de adversários, tudo alimentado diariamente por uma comunicação feita em diferentes plataformas digitais.
O assassinato do petista no Paraná não é um episódio isolado. O historiador lembrou que a campanha eleitoral de Bolsonaro foi feita com o gesto dos dedos imitando armas. “Hoje existe uma rede de ódio”, diz Wagner, explicando que esta rede está “a serviço de projeto fascista” que é apoiado por uma parte da sociedade.
O professor da UFMA fez uma comparação entre Adolf Hitler, que implantou o nazismo na Alemanha, com o projeto de Jair Bolsonaro no Brasil. “O Bolsonaro é exatamente igual a ele”, diz Wagner, explicando que “o fascismo é um processo”.
A certa altura da entrevista, Wagner foi interrogado sobre a figura do ex-general Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado por conta de sua atuação durante a ditadura pós-1964, um homem que comandou a tortura de crianças e o estupro de mulheres, incluído violência contra grávidas. Bolsonaro já prestou homenagens a ele e seus filhos vestem camisas onde está escrito: “Ustra Vive”.
“Ustra é a imagem desse Brasil fascista”, respondeu Wagner Cabral. Ele está vivo, porque o fascismo está vivo em parte da sociedade brasileira, disse o professor. Atualmente o que está em jogo no Brasil é o legado da ditadura implantada em 1964, em oposição a uma possibilidade democrática.
O professor reforçou a importância de defender a democracia brasileira, mobilizar a sociedade nesse sentido, alertando sobre a necessidade das pessoas se posicionarem contra o projeto de poder de Bolsonaro. “É a única forma de interromper a escalada fascista.
(Veja abaixo a edição completa do Jornal Tambor, com a entrevista com Wagner Cabral) 👇🏾👇👇🏽