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Luta social impede enorme prejuízo que Bradesco daria ao povo maranhense

Bradesco pretende fechar 10 agências bancárias e 6 postos de atendimento nos próximos meses no Maranhão. Imagem: banco de imagem Institucional Bradesco

A vitória é do povo maranhense. Graças à denúncia do Sindicato dos Bancários do Maranhão (SEEB-MA), 16 unidades do Bradesco permanecem funcionando no estado. Diante da mobilização da representação de classe, o PROCON ajuizou uma Ação Civil Pública e a Justiça proibiu o fechamento de 10 agências bancárias e 6 postos de atendimento no estado.

Mais de 20 municípios maranhenses ganham com a decisão que representa um triunfo significativo para os moradores das localidades, garantindo acesso contínuo aos serviços bancários essenciais.

A liminar determina, também, que o Bradesco reative as unidades já fechadas, sob pena de R$ 10 mil de multa por dia, frente a cada localidade. Vale ressaltar que a instituição financeira registrou R$ 19,6 bilhões de lucro em 2024.

Segundo o Sindicato dos Bancários do Maranhão (SEEB-MA), a luta continua, já que a liminar concedida pela justiça impede apenas temporariamente o fechamento das unidades do Bradesco no estado. O objetivo, no entanto, é que a decisão seja confirmada também nas instâncias superiores.

Em entrevista a Agência Tambor de 13 de maio, os representantes da coordenação do SEEB-MA, Rodolfo Cutrim e Edvaldo Ferreira Castro, falaram sobre o processo de luta e mobilização do sindicado e os benefícios dessa decisão para a população das cidades.

(Veja, ao final deste texto, o Jornal Tambor com a íntegra de Rodolfo Cutrim e Edvaldo Ferreira )

Conforme o SEEB-MA, o alerta feito pelo sindicato sobre o desmonte do Bradesco no Maranhão chegou até à Câmara Federal, em Brasília, onde alguns deputados manifestaram apoio à luta da entidade.

Entre as cidades beneficiadas estão Arame, Campestre, Duque Bacelar, Fortaleza dos Nogueiras, Icatu, Matinha, Santo Antônio dos Lopes, São Benedito do Rio Preto, Sítio Novo, Buriti, Cachoeira Grande, Luís Domingues, Mata Roma, Presidente Juscelino, São Félix de Balsas, Sucupira do Norte e outras.

Um direito de todos

Rodolfo afirmou que a luta coletiva contra o desmonte do banco Bradesco foi fundamental para essa conquista, lembrando dos prejuízos causados pela reestruturação que a instituição financeira vem fazendo.

“Os prejuízos são vários: demissões de trabalhadores, aposentados e pensionistas prejudicados, menos acesso a serviços bancários e comprometimento da economia dos municípios”, destacou Rodolfo.

Mas o que significaria de forma prática o fechamento dessas agências para a população das localidades? O Maranhão é o estado com menor índice de conectividade à internet no Brasil, com apenas 25,59% da população tendo acesso à rede. Os dados são de 2024 e foram registrados pelo Índice Brasileiro de Conectividade (IBC) da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

As agências físicas fechadas obrigariam a população a migrar para a digitalização dos processos – a internet se faz necessária. Mas além do parco acesso à rede, a população sofre com outros números que apontam para a exclusão social – de acordo com Censo 2022, o Maranhão é um dos cinco estados com maior taxa de analfabetismo funcional, que inclui a dificuldade em usar informações digitais para atividades do dia a dia.

Ou seja, em uma cadeia crescente de segregação, o cenário aponta para uma possível desbancarização. Que nada mais é que a exclusão financeira e a dificuldade de acesso a serviços básicos no setor. A bancarização (o processo inverso de inclusão), não é universalmente reconhecida como um direito fundamental, mas é considerado, sim, como um direito de cidadania financeira tendo impactos na economia e no planejamento e segurança financeira do indivíduo. 

Isso sem falar que, diante da ausência de unidades físicas e a limitação de outros acessos já demonstrados nos índices, a população pode se ver forçada ao deslocamento entre municípios, incluindo aí aposentados – o sofrimento aumenta.

O Bradesco e o BEM

O Banco do Estado do Maranhão (BEM) era um banco estatal leiloado em 2004, e comprado pelo Bradesco. Na época, O BEM contava com 76 agências – nove em São Luís e 67 distribuídas no interior -, possuindo cerca de 186 mil contas ativas.

No momento da compra, de acordo com a posição institucional e social, o Bradesco, líder do setor financeiro privado, adquire a instituição pública se comprometendo “a manter a continuidade da operação e a garantir a segurança dos clientes e funcionários”, assumindo, inclusive, os “compromissos específicos relacionados à sustentabilidade, direitos humanos e cidadania financeira”.

Para Edvaldo, o verdadeiro interesse do Bradesco é o lucro, o que prejudica o acesso de muitas pessoas a serviços bancários de qualidade.

Em 2023, os sindicatos da classe no país já anunciavam a demissão de 2.159 bancários e fechamento de mais de 1.600 agências no Brasil. O Maranhão é parte do cenário. E já naquela época o SEEB-MA, além dos desligamentos, já alertava para o sofrimento de clientes com agências superlotadas, atendimento precário, falta de numerário em caixas eletrônicos e ausência de segurança. Além de tarifas exorbitantes, que – sozinhas – seriam capazes de cobrir toda a folha de pagamento da instituição.

“O momento agora é de continuar mobilizando, não podemos parar. Nós provocamos os deputados da Assembleia Legislativa para que trabalhem junto com o nosso judiciário para que essa liminar seja respeitada e tenhamos esperança de que o banco não continue com esse processo de fechamento das agências”, ressaltou Ferreira.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Edvaldo Ferreira e Rodolfo Cutrim)

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