O transporte público de São Luís, feito por empresas de ônibus, é muito caro e muito ruim.
Essa situação acontece porque, ao longo dos anos, vem ocorrendo uma relação promíscua entre empresários e o poder público municipal, incluindo aí a Prefeitura e a Câmara de Vereadores.
Os maiores prejudicados com essa antiga relação são os usuários (a população que anda de ônibus) e os trabalhadores do transporte público, motoristas e cobradores.
A prefeitura de São Luís, na gestão de Edivaldo Holanda, com a conivência da Câmara Municipal, permitiu que empresas demitissem cobradores de ônibus, num prejuízo enorme para a classe trabalhadora e também para os usuários.
No mês passado, para acabar com uma ruidosa greve de ônibus em São Luís, a gestão do prefeito Eduardo Braide viabilizou 12 milhões para as empresas. Detalhe: ainda hoje têm empresas de ônibus de São Luís que não estão cumprindo com suas obrigações trabalhistas.
E a CPI “de Chico Carvalho”?
Nesta quinta-feira (09/12), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que anunciou que iria investigar “a licitação e os contratos de concessão aos empresários que operam o sistema de transporte público de São Luís” cancelou sua primeira reunião, a mesma que trataria do seu regimento interno e cronograma. Começou mal!
Essa “CPI dos Transportes” foi instalada na Câmara Municipal de São Luís na última segunda-feira (06/12). Cinco vereadores fazem parte dela: Francisco Carvalho (PROS), Álvaro Pires (PMN), Astro de Ogum (PCdoB), Jhonatan Soares (PT – Coletivo Nós) e Octávio Soeiro (Podemos).
Entre os cinco membros da CPI, três são da base do prefeito Eduardo Braide, incluindo o presidente (Francisco Carvalho) e o relator (Álvaro Pires), além de Octávio Soeiro.
Formalizada a partir de um pedido de Francisco Carvalho, essa CPI de hegemonia governista nasce sob grande desconfiança. Ela é pra valer? Ou foi criada para atrapalhar quem quer realmente investigar? Dúvidas a parte, a sociedade exige e exigirá respostas.
Participação social
Se hoje foi criada uma CPI na Câmara Municipal de São Luís, isso é obra de mobilização social. No momento em que a recente greve de ônibus criava problemas para a população e deixava claro o descaso e a incompetência das empresas e do poder público, foi articulado um abaixo-assinado, para pedir a CPI.
Mobilizado nas redes sociais pelo músico e professor Wesley Sousa, esse abaixo-assinado, em três dias, já tinha mais de mil assinaturas.
A partir daí a notícia correu em São Luís e o vereador Marquinhos (DEM) anunciou publicamente que iria pedir a CPI. Nesse ambiente, foi articulada também uma plenária popular, para tratar exatamente sobre o transporte público de São Luís.
O pedido de CPI de Chico Carvalho se antecipou ao do vereador Marquinhos (que faz oposição a Eduardo Braide) e também a chegada do abaixo-assinado a Câmara. Agora, a “CPI de Chico Carvalho” foi instalada e não conseguiu sequer realizar sua primeira reunião, por falta de quórum…