Lula é o político com maior popularidade no Maranhão. As consequências da guerra entre a família Brandão e o chamado grupo dinista são imprevisíveis.
A avalanche de ataques e contra-ataques ocorrida nos últimos dias soma-se a uma série de outras denúncias que envolvem desde assassinatos até os mais diferentes tipos de fraudes, com várias questões tendo se tornado caso de polícia.
No meio desse tiroteio de acusações, inquéritos e da busca por espaço na opinião pública, a família Brandão tenta viabilizar a candidatura de Orleans Brandão ao governo do Maranhão.
Sentado na cadeira de governador e com o orçamento do Estado nas mãos, Carlos Brandão quer eleger o jovem sobrinho como seu sucessor. Pelo que se anuncia, além do Palácio dos Leões, bastaria viabilizar o apoio de Lula para o êxito do projeto familiar.

Cadê a confiança?
O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, assinou uma nota em apoio à denúncia feita pelo deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA) contra o governador Carlos Brandão e seu irmão, Marcus Brandão.
A nota de Edinho Silva foi divulgada na quarta-feira, 22 de outubro, e assinada conjuntamente com a presidente do diretório estadual do Maranhão, Patrícia Carlos. A publicação ocorreu nas redes sociais do partido no estado.

No texto, os dirigentes petistas expressam solidariedade a Rubens Júnior e mencionam explicitamente “gravações ilegais”, tema abordado pelo deputado em discurso na tribuna da Câmara Federal, no dia anterior.
O presidente nacional do PT também ressaltou que a base das relações políticas “é a confiança”, lembrando que Rubens Júnior é dirigente do partido — vice-presidente do diretório nacional.
Rubens Pereira Júnior era bem próximo de Carlos Brandão. O atual governador do Maranhão perdeu um aliado importante.
Ataque bolsonarista
Os irmãos Carlos Brandão e Marcos Brandão escalaram um deputado estadual bolsonarista para tentar atingir o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, e o desembargador federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Ney Bello Filho.

Ao cumprir essa tarefa, o parlamentar alinhado à extrema direita atacou diretamente os deputados federais Rubens Júnior (PT) e Márcio Jerry (PCdoB), em um vídeo que também mirou o PT.
O conteúdo da denúncia feita pelo bolsonarista já vinha sendo antecipado há alguns dias por veículos da mídia conservadora que servem ao governo dos Brandão.
O alinhamento com a militância de extrema direita foi explícito, incluindo o ex-senador Roberto Rocha, um bolsonarista de “porta de quartel”. O ex-parlamentar gravou um vídeo para reforçar o ataque vindo do Palácio dos Leões.

Andou pra trás
Todos no Maranhão que hoje sonham em conquistar um mandato majoritário em 2026 querem o apoio de Lula — isso é um fato.
Carlos Brandão terá dificuldade para viabilizar seu sucessor em 2026 sem estar muito bem alinhado com o atual Presidente da República.
Sem Lula como apoiador declarado, até mesmo para garantir candidaturas competitivas ao Senado, a família do atual governador enfrentará dificuldades.
Nos últimos dias, o próprio Carlos Brandão vinha afirmando que teria um encontro com o presidente Lula para discutir a sucessão no Maranhão. O encontro não aconteceu.
A novela policial em que se transformou recentemente a política maranhense parece reservar novas emoções para os próximos meses.
Atualmente, de concreto, há o fato de que o governador Carlos Brandão e sua família deram um passo atrás no objetivo de ter Lula como grande cabo eleitoral de Orleans Brandão ou de outro candidato indicado pelo clã.