José Menezes Gomes: Economista, professor da Universidade Federal de Alagoas. O crescimento do endividamento das pessoas no Brasil, associado a crise econômica, inflação e fome, tem impactado na renda de famílias brasileiras, especialmente as mais pobres. O resultado é a inflação elevando o custo de produtos essenciais e prejudicado o orçamento das famílias brasileiros.
Para falar sobre o assunto o Jornal Tambor desta quinta-feira (14/07), conversou com o economista José Menezes Gomes. Ele é professor da Universidade Federal de Alagoas, coordenador do núcleo alagoano pela auditoria da dívida, componente do Observatório de Políticas Públicas e Lutas Sociais da UFAL e ex-professor da UFMA.
(Veja, ao final desse texto, a íntegra do Jornal Tambor com a entrevista de José Menezes Gomes)
A Pesquisa Nacional de Cesta Básica de Alimentos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que, nos últimos 12 meses, todas as capitais tiveram alta de preço, principalmente no valor da cesta básica.
O estudo mostrou ainda que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, no mês de junho de 2022, 59,68% do rendimento para adquirir os itens da cesta, maior do que em maio deste ano.
Para o economista a origem do endividamento das famílias brasileiras pode ser compreendido devido as ações do governo de Michel Temer (MDB) e do atual governo de Jair Bolsonaro (PL), que afetaram a geração de emprego e o poder aquisitivo dos salários.
Menezes citou a reforma da previdência e a reforma trabalhista, como responsáveis pelo desastre. Foi um conjunto de ações que levaram a redução do poder de compra, com grande parte das famílias recorrendo ao endividamento.
Menezes também explicou que a política de juros altos compromete, não só a capacidade de consumo da população e o investimento de empresários, como também o Estado, que acaba se endividando, comprometendo o dinheiro público. “O Brasil tem metade do seu orçamento comprometido com o pagamento de juros. O que aprofunda o ataque a saúde, a educação então isso é um grande problema”, resumiu.
O economista citou que o empobrecimento das pessoas no Brasil se deve também a Emenda Constitucional nº 95 (EC 95), de 15 de dezembro de 2016, que estabeleceu o limite dos gastos públicos, por vinte exercícios financeiros. “Isso significa cada vez que você privatiza a saúde e a educação, parte da população vai destinar parte dos seus recursos para comprar saúde privada, educação privada e um monte de coisas privadas. Acaba reduzindo ainda mais o poder de compra das pessoas”, salientou.
No Brasil existe atualmente 32 Milhões de pessoas desempregadas. Os dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) revelam que, em 2022, mais da metade da população brasileira (58,7%), vive com algum tipo de insegurança alimentar e 15,5% dos brasileiros estão sem ter o que comer.
Menezes lembrou que a responsabilidade da crise econômica no país não é de responsabilidade do cenário internacional. A origem é interna, agravado por questões externas como a guerra na Ucrânia.
(Veja abaixo a edição completa do Jornal Tambor, com a entrevista de José Menezes Gomes) 👇🏽👇👇🏾