Nós, organizações que participamos do II Seminário de Comunicação e Poder no Maranhão, reafirmamos a importância do debate e da ação em torno da democratização da mídia. Trata-se de um tema fundamental no Brasil, gerando dois eventos em nosso estado, num intervalo de cinco anos.
E estamos convictos da necessidade de começar a pensar, desde já, num terceiro seminário de Comunicação e Poder no Maranhão, a ser realizado no segundo semestre de 2023.
Ao fazer o debate, levamos em conta que o Brasil hoje é marcado por uma extrema-direita que avançou, assumindo um protagonismo num campo político conservador. Esse avanço se deu por uma estratégia de comunicação que, a partir de modernas tecnologias e muito dinheiro investido, vem disseminando violência, incluindo ódios e mentiras.
É uma comunicação que mobiliza parte da sociedade brasileira, atingindo questões fundamentais, passando por todo tipo de ataque às possibilidades democráticas, incluindo as tentativas de apagamento de uma memória dolorosa da nossa história.
Essa comunicação de extrema direita ganha força num país marcado por um cartel de comunicação empresarial, com grandes emissoras de TV, que são de direita, movidas por interesses econômicos dos ricos, que defendem privilégios, em clara oposição as pautas de cunho popular.
E ao tratar de Comunicação e Poder, particularmente no Maranhão, apontamos algumas prioridades:
1 – Organização e consolidação de projetos jornalísticos que possam produzir conteúdos comprometidos com a classe trabalhadora, com justiça social, direitos humanos, igualdade racial, gênero e orientação sexual, preservação do meio ambiente e reforma agrária. Isso significa ter referências sólidas de uma comunicação contra-hegemonica.
2 – Seguir investindo e tentando ampliar o trabalho de formação política, com a produção coletiva de conhecimento e troca de experiências, na perspectiva de formar novos e antigos comunicadores populares, para ocupação de diferentes espaços.
3 – Estimular a comunicação oriunda das periferias, dos povos e comunidades tradicionais, comprometida com a diversidade da classe trabalhadora, das lutas por terra-território e bem viver, a partir de suas múltiplas organizações, movimentos e coletivos.
4 – Avançar na ampliação de uma rede de solidariedade, com ações conjuntas de comunicação.
5 – Democratizar o orçamento público. Comunicação é um direito. E é inaceitável que o suado dinheiro do contribuinte, de um povo empobrecido, seja quase que exclusivamente destinado aos cofres de poderosos grupos comerciais, que já são naturalmente financiados pelo agronegócio, bancos privados, mineração, grandes empresas. O investimento público tem que garantir liberdade de expressão, pluralidade de vozes, possibilitando a quebra do silêncio diante das diferentes formas de violência, rotineiramente promovidas por elites econômicas, estruturas oligárquicas, latifúndio, agronegócio.
Núcleo Piratininga de Comunicação (RJ)
Agência Tambor
Associacão Brasileira de Rádios Comunitárias do Maranhão — ABRAÇO-MA
Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão
Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultoras e Agricultores Familiares do Maranhão – FETAEMA
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Sindicato dos Bancários do Maranhão
Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão
Sindicato dos Urbanitários do Maranhão
Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias do Maranhão Pará e Tocantins – STEFEM
Associação Nacional de História – Sessão Maranhão
Caritas Brasileira Regional Maranhão
Movimento pela Soberania Popular na Mineração
Rede de Agroecologia do Maranhão – RAMA
Forum Maranhense de Mulheres
Carabina Filmes
Levante Popular da Juventude
Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa do Maranhão – Sindisalem
APRUMA – Seção Sindical do ANDES-SN
Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado do Maranhão – SINDSEP/MA
Sindicato dos Servidores do Judiciário Federal e do MPU no Maranhão – SINTRAJUF
Sindicato dos Profissionais do Magistério da Rede Pública Municipal de São Luís – Sindeducação
Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado do Maranhão – SINTSPREV
Central Única dos Trabalhadores (CUT-MA)
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-MA)
CSP Conlutas
Movimento de Defesa da Ilha
São Luís, 28 de julho de 2022.