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A DEMOCRACIA NO FIM DO TÚNEL*

A Lava Jato foi uma enorme fake news. O cartel da mídia bancou farsa e foi protagonista nos golpes

Entre os anos de 2019 e 2022, com a presença de um governo fascista no Brasil, muito se falou em democracia.

A eleição de 2022 ocorreu. Conseguimos eleger e empossar novamente Lula presidente. E agora? Como devemos lidar com as várias ameaças e ataques do conservadorismo?

Como avançar em direção a decantada democracia? E qual a relação do assunto com a comunicação?

A recente avalanche fascista esteve muito associada as chamadas fake news, mas a questão não é nova, sendo chamada antigamente de boato, mentira, calúnia.

A Lava Jato – para ficar com um caso bem recente – foi uma enorme fake news. Naquela conjuntura, o cartel da mídia bancou as falácias e foi protagonista nos golpes dados entre 2016 e 2018.

Hoje, a Rede Globo é uma instituição que tenta passar a ideia de que está preocupada com os direitos humanos, inclusão, valores democráticos. Não se trata de nenhum tipo de milagre ou conversão. É só uma empresa privada preocupada em garantir seus lucros. É a antiga fé e devoção ao dinheiro.

A comunicação digital abalou uma hegemonia absoluta, que até pouco tempo, no Brasil, era da TV aberta. Porém, a mudança tecnológica não alterou tanto o cenário do ponto de vista político.

Os interesses que movem a comunicação hegemônica no país seguem relacionados a tempos bem antigos. Continuamos a ter no país uma comunicação milionária, controlada por quem ainda deseja uma sociedade com Casa Grande e Senzala.

O cartel da mídia de mercado é, desde sempre, o porta voz da direita brasileira, tendo no discurso da imparcialidade uma de suas fake news mais conhecidas e antigas.

Violência naturalizada

Quando se fala em comunicação no Brasil, seguimos tendo do mesmo lado as grandes empresas de mídia, a extrema direita, as Big Tech, o latifúndio, o grande capital, os opressores e exploradores de sempre, a ideologia colonial, o conservadorismo político, algumas igrejas, os que seguem liquidando o meio ambiente, os violadores de direitos humanos.

Num país historicamente marcado por profunda desigualdade social, esse é o lado dos que concentram poder. São os mesmos que promovem, legitimam e naturalizam diferentes formas de violência.

Juntos, eles são exatamente os herdeiros do golpe de 1964. A turma que implantou e bancou uma ditadura militar de duas décadas. É a rapaziada golpista.

O cartel da mídia de mercado é, desde sempre, o porta voz da direita brasileira, tendo no discurso da imparcialidade uma de suas fake news mais conhecidas e antigas.

São as mesmas empresas que – a partir de um jornalismo de entretenimento – faz toda uma maquiagem de civilidade, sem conseguir disfarçar tão bem suas alianças com os assassinos do povo. Sim, são assassinos!

Hoje, este bloco midiático tem uma disputa particular com os extremistas que recentemente articularam o bolsonarismo. Ambos querem aumentar seu poder de influência e manipulação junto à opinião pública.

É uma disputa que não diz respeito à democracia. Ela é de natureza conservadora, mercadológica, sem qualquer relação com justiça social. Trata-se de uma queda de braço circunstancial. E ela só interessa aos imediatos projetos de poder dos envolvidos.

E a democracia?

Segue na pauta política brasileira a necessidade de fracionar o poder da produção de conteúdo informativo, diversificando o jornalismo.

O bom jornalismo tem uma relação histórica com a luta social. Mas não é qualquer um que serve a democracia.

É necessário articular, promover e fortalecer uma comunicação popular ligada aos interesses da classe trabalhadora, com uma relação honesta com a defesa dos Direitos Humanos, que tenha como prioridade o compromisso com a luta social e cultural das periferias, dos pobres, dos negros, dos quilombolas, dos povos originários e das comunidades rurais, um compromisso com a verdadeira defesa do meio ambiente e da vida.

O bom jornalismo tem uma relação histórica com a luta social. Mas não é qualquer um que serve a democracia.

E para cumprir esta tarefa, precisamos estar cada vez mais articulados. A questão passa por nossa organização política.

E a partir da nossa articulação, precisamos enraizar a comunicação popular de norte a sul, na vida econômica do país. É importante descolonizar nosso olhar sobre a economia da comunicação, torná-lo menos conservador.

Assinatura de canais de TV? Dinheiro público para financiar grandes máfias midiáticas? O agro é pop? E quem financia o jornalismo popular?

Precisamos produzir conteúdo informativo de qualidade, legitimar veículos do nosso campo social, consolidar referências informativas com capacidade de interferir na agenda pública, apresentando fontes que possam romper pactos de silêncios e incomodando quem precisa ser incomodado.

Vamos investir, cada vez mais, em formação de comunicadores populares. Uma formação técnica, mas também ideológica.

Além disso, as pessoas que saem das universidades – formadas em comunicação e querendo fazer jornalismo – não podem ter como única opção servir aos interesses da conhecida turma do colarinho branco.

A luta é antiga. O desafio é cada vez mais atual. E a democracia segue no fim do túnel.

*Texto base do 3º Seminário de Comunicação e Poder no Maranhão

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