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RUAS E APELIDOS

Avenida Litorânea | Foto: Divulgação

Hamilton Raposo

Existem situações bem pitorescas em São Luís como o nome das ruas, os apelidos, a linguagem e principalmente a maneira de como nos dirigimos às pessoas, que faz desta cidade uma maneira diferente de se viver e conviver.

Andar em São Luís não é nada fácil e não falo da falta de mobilidade urbana, do trânsito caótico e desrespeitoso, da quantidade de buracos, a falta de estrutura ou de sinalização. Falo da nomenclatura dúbia que existe em relação aos nomes das ruas, avenidas ou praças. Ir à Praça João Lisboa ou ao Lardo do Carmo, andar pela Rua do Sol ou Nina Rodrigues, Rua da Paz ou Colares Moreira, Rua das Flores ou Candido Ribeiro, tudo isto pode causar uma grande confusão se não fosse o mesmo logradouro.

A quantidade de nomes varia com a disposição de trabalho do burocrata municipal ou do vereador sem ter o que fazer. Quanto menor a quantidade de trabalho mais nomes terão as nossas ruas. Decidir entre a Rua 13 de Maio ou Rua de Santo Antônio pode parecer fácil mais não é, tudo é a mesma coisa. Este fato não se resume apenas ao centro histórico, a parte mais nova da cidade é muito pior. A avenida em que moro tem três nomes: Avenida do Vale, Papa João Paulo II e Jornalista Miércio Jorge. A Avenida Litorânea é Avenida Governador Edson Lobão, a Avenida dos Holandeses é Conselheiro Hilton Rodrigues e por aí vai. Cada bairro tem suas confusões e quem sofre é o pessoal dos correios.

Chamar alguém pelo nome é bem mais educado do que chamar por um apelido, que sempre será um termo pejorativo e mal-educado. Negão, Gordo, Baleia Terrestre, Bimbinha, Tampinha, Alfinete, Rolha de Poço, Louro, Dentinho, Cutia, Seu Ré, Brequista, Redenção, Perna de Breque, Coxinho… foram apelidos que convivi e ouvi. A relação de apelidos é riquíssima e o melhor exemplo desta peculiaridade era a escalação de jogadores nos times de futebol: Dunga, Negão, Neguinho, Bimbinha, Vareta, Pelezinho, Chicão, Feição de Rato, Carrapato e Faz que Dorme,….

Apelido de jogador é o maior exemplo de subdesenvolvimento. Quando os times começaram a escalar os seus jogadores pelo nome de batismo, é o resultado inconteste de que houve aumento do PIB e do IDH na região. Verdade ou folclore vale a pena examinar.

Alguém já prestou atenção de como o maranhense se comunica? O hum, hum ou hem, hem são expressões de dúvida ou de afirmação, e é bem mais fácil do que “o bem ali”, quando se pergunta a algum maranhense a distância de algum lugar. O “êi piqueno ou êi piquena” pode ter certeza que algum maranhense estar chamando, reclamando ou se dirigindo a alguma criança. A dúvida do que é ser cantor ou o que é cantador, pode ser tão difícil quanto entender o que é ser qualira ou banhar na maré.

Bom dia a todos, vou agora merendar bolo de puba com refresco de murici.

Sobre o autor

Hamilton Raposo

Hamilton Raposo é professor e médico

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