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Governo Bolsonaro é recordista na liberação de agrotóxicos

Foto: Reprodução

Daniela Strasser

O Brasil está no ranking dos cinco países que mais produzem soja no mundo além de maior produtor, também é um dos que mais exporta chegando a bater recordes durante a pandemia, em 2021 enviou para o estrangeiro mais de 86 milhões de toneladas de grãos.

Atrelado a essa grande produção temos de mãos dadas as problemáticas como o uso de agrotóxicos (inseticidas, herbicidas, fungicida e etc) que para controlar pragas e aumentar a quantidade produzida injeta quantidades colossais de venenos, na terra, no solo, no alimento e nas cabeças dos moradores na zona rural.

O país, desde 2008 bate recordes no consumo de agrotóxicos, esse número acompanha o processo de expansão da fronteira agrícola, avanço do agronegócio sobre as áreas de preservação, comunidades rurais e a exploração dos recursos naturais. Esse avanço representa entre 2007 a 2015 cerca de 80 mil intoxicações no país, esse dado acompanha o avanço do seu consumo já que o Brasil junto aos Estados Unidos em 2017 representou 18% de todo o consumo mundial.

Considerando conjuntura política entre 2018 a 2022 é observado o avanço de agrotóxicos liberados para o uso em diferentes ocasiões pelo Governo brasileiro, ao analisarmos a evolução da liberação no país, observamos que em 20 anos os números passaram de 82 para 500, ou seja, mais produtos sendo liberados. No ano de 2019 foi liberado 474 novos agrotóxicos e em 2020, 493, de acordo com o Ministério da Agricultura (2021), ou seja, nos dois primeiros anos de mandando de Jair Bolsonaro, foram liberados e despejados na mesa do povo brasileiro, 967 novos tipos de agrotóxicos.

Os números alarmantes não param de ser contabilizados e 2021 quinhentos e sessenta e dois novos tipos de venenos foram aprovados, representando percentual de 1,4% maior que 2020.

Nesse sentido, observa-se que os números alarmantes não existem isolados, haja vista que, todo o processo de desmatamento, avanço de áreas preservadas, conflitos agrários e socioambientais surgem em detrimento a supervalorização do agronegócio e omissão por parte do poder público diante denúncias dos movimentos sociais e sindicais, exemplos desse descaso é o Estado do Maranhão que registrou em 2021 mais de duzentos trabalhadores e trabalhadoras em situação de conflitos, por terra e território.

De acordo com Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE em 2021 o brasil desmatou 26.093 km² nos diferentes biomas, pantanal, pampa, caatinga, mata atlântica e demais. Com dados preliminares para 2023 o bioma Cerrado já contabiliza 2.133 km² desmatado. Um dos biomas mais visados para expansão de fronteiras agrícolas, sobretudo dentro do MATOPIBA.

Se o desmatamento aumentou significa dizer que mais área para o monocultivo da soja, milho e arroz foram abertas e mais veneno será preciso para controle de pragas, mais venenos para “suprir” essa alta demanda produtiva e mais veneno será importado. O Maranhão nas décadas de 1960, 1970 e 1980 passou a sofrer intenso processo de transformação socioespacial e territorial, haja vista que com a crescente procura por terras baratas e a expansão agrícola, o território maranhense foi alvo dos “gaúchos” para instalar aqui um celeiro de “desenvolvimento” para a expansão da produção de monoculturas, como a soja.

Temos no Maranhão casos emblemáticos de denúncias feitas por trabalhadores rurais, em que através de ações criminosas empresas ligadas ao agronegócio têm utilizado da pulverização aérea para cometer crimes ambientais atingindo a saúde física e mental dos agricultores e povos tradicionais, além de prejudicar o meio ambiente. Como as comunidades Araça e Carrancas do município de Buriti, região leste maranhense, no qual centenas de pessoas, idosos, crianças e mulheres, foram vítimas do crime ambiental.

Através de articulação da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Maranhão (FETAEMA) com a base sindical e câmara de vereadores, foi encaminhado projetos de leis em regiões que possuem altas incidências de conflitos agrários e ambientais.

Os projetos de leis versam sobre a proibição de pulverização aérea, sendo um projeto de lei pioneiro no Estado do Maranhão no qual teve aderência nos municípios de Duque Bacelar, Barreirinhas, Brejo, São Benedito do rio preto e dentre outros. São movimentos importantes para salvaguardar os verdadeiros guardiãs da natureza onde reproduzem seu modo de vida sustentável, mantêm tradicionais seculares e permitem que haja um meio ambiente equilibrado.

Sobre o autor

Daniela Strasser

Geógrafa e mestranda pela Universidade Estadual do Maranhão, acompanha conflitos agrários e socioambientais no Maranhão e trabalha na Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Maranhão (FETAEMA).

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