Giovana Kury, da Agência Tambor
14/11/2019
A cerimônia de posse do recém-nomeado reitor da UFMA, Natalino Salgado, aconteceu na noite da última quarta-feira (10) no Auditório Central da universidade – e jogou luz sobre uma de suas divergências com a comunidade acadêmica. Movimentos estudantis ocuparam o local exigindo um posicionamento do novo administrador acerca do programa ‘Future-se’, e, segundo eles, foram recebidos com vaias por parte da plateia.
Ao chegar na cerimônia junto ao grupo, Gabriel Costa, do Coletivo Juntos!, conta que “o tempo todo, tinha umas cinco pessoas apoiadoras de Natalino tentando ganhar da gente no argumento, para fazer a gente desistir”, e que, quando o nome do presidente Jair Bolsonaro foi citado no evento, “uma boa parte da plateia foi à loucura, gritando ‘mito’”.
O ‘Future-se’ foi publicado em julho deste ano, e um de seus pontos é que empresas privadas passem a bancar pesquisas e produções científicas de universidades públicas – neste caso, o financiamento federal passaria a ser não-obrigatório. “O atual governo pretende realizar na totalidade aquilo que tinha sido o projeto do neoliberalismo para os anos de 1990”, aponta a professora aposentada Maria de Fátima Félix em entrevista à Rádio Tambor.
Assim que lançado, a presidente da Apruma – seção do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) -, Sirliane Paiva, chegou a constatar que “não teria a mínima condição da UFMA se sustentar com o ‘Future-se’”. Os professores afirmam que, por instituições do Nordeste terem sido historicamente desassistidas, têm menos tecnologias que gerariam lucro para empresas, portanto menos chance de se sustentar.
Em setembro deste ano, um levantamento do Estadão mostrou que o programa tinha sido recusado pela maioria das universidades do país. A Federal Maranhense ainda não havia posicionamento claro até a nomeação do novo reitor na sede do Ministério da Educação (MEC) em Brasília, na última terça-feira (12). Ao lado do ministro da Educação, Abraham Weintraub, Natalino Salgado defendeu o programa, chamando-o de “reforma das universidades”.
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