Um estudo aponta situação de contaminação grave nas águas da Baía de São Marcos, localizada na Ilha de São Luís, com modificação genética nos peixes que habitam a região.
A pesquisa foi realizada pela professora da UFMA, Silma Regina F. Pereira, que analisou materiais entre os anos de 2018 e 2020.
Segundo os dados coletados, há uma quantidade elevada de metais pesados no material genético de peixes naquelas águas. Os elementos químicos identificados estão acima dos níveis recomendados pela Lei.
E este problema pode causar tanto câncer nos indivíduos expostos, quanto pode afetar futuras gerações.
Para falar sobre esse assunto, o Jornal Tambor de terça-feira (06/02) entrevistou a professora Silma Regina F. Pereira.
Ela é bióloga, doutora em Genética e professora do mestrado e doutorado em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Silma também tem pós-doutorado em Genética Molecular de Câncer pela Georgetown University Medical Center (EUA) e realiza pesquisas científicas sobre câncer e agentes que podem causar danos genéticos.
(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Silma Regina F. Pereira)
O objetivo da pesquisa foi analisar os possíveis danos genéticos de organismos que vivem nessa área da Baía de São Marcos.
A região Portuária é marcada pela emissão de poluentes e eliminação de dejetos químicos derivados da atuação de empresas multinacionais na localidade.
A espécie estudada, como marcador biológico, foi o Bagre, por habitar somente na baía. O peixe apresentou alterações morfológicas e fisiológicas.
A pesquisadora explicou que “esses poluentes estão relacionados com o surgimento dessas alterações genéticas nos peixes”.
Ela também reforçou que essas alterações podem trazer graves riscos à saúde das pessoas.
Silma falou que é necessário a criação de audiências públicas com a sociedade e o poder público para buscar soluções para esse problema, além de ações governamentais e a realização de monitoramentos e fiscalizações ambientais.
“Estamos diante de uma situação em que os poluentes estão em níveis altos e eles estão sendo lançados cronicamente no ambiente”, enfatizou a professora.
Estudo preliminar
Além dessa pesquisa que já demonstra um alto grau de contaminação dos peixes, a professora Silma citou outro trabalho em que avaliou, preliminarmente.
Ela analisou a exposição de seres humanos a agentes poluentes. Especialmente os trabalhadores que atuam nas grandes indústrias no Maranhão.
A professora explicou que o trabalho não foi publicado, isso porque as empresas não desejavam que seus funcionários fossem avaliados.
No entanto, o estudo preliminar foi feito com auxílio dos sindicatos de trabalhadores, demonstrando os possíveis danos genéticos.
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“O que nós vimos é que os indivíduos que trabalham diretamente na produção desses poluentes têm um dano genético muito mais alto. Mostrando que o que está acontecendo com os peixes, acontece com qualquer ser vivo”, avaliou a pesquisadora.
(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Silma Regina F. Pereira)