No Maranhão, o poder público estadual está estimulando um grande projeto de criação de camarão em cativeiro, a chamada carcinicultura. Um polo pretende ser implantado nos municípios de Anajatuba, São João Batista e Viana.
O problema (grave) são as consequências socioambientais, decorrentes desta prática.
Esta atividade degrada o meio ambiente e afeta absurdamente a sobrevivência de populações que vivem da pesca e do extrativismo.
São diversas as comunidades que moram à beira de campos e rios.
A ração que é utilizada na alimentação desses crustáceos e os produtos químicos dentro dos tanques, por exemplo, são tóxicos para peixes e outros animais que garantem a renda e a sobrevivência dessa população.
O Jornal Tambor de segunda-feira (22/01) tratou desta questão, entrevistando Fernanda Serejo (movimento Campo Vivo); Edna Ramos (do Movimento de Pescadores e Pescadoras do Brasil/ MA) e a advogada Carla Dias.
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(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Fernanda Serejo, Edna Ramos e Carla Dias)
O assunto foi abordado no I Encontro dos Povos dos Campos Alagados, que aconteceu em Anajatuba, no dia 20 de janeiro, com o tema “CARCINICULTURA AQUI NÃO!”
O objetivo do evento foi discutir os reais impactos da criação de camarão em cativeiro; a injustiça ambiental; a violação dos direitos garantidos constitucionalmente,; além da possível criminalização das lideranças e movimentos sociais que denunciam o consequente rastro de destruição pela prática.
O Encontro reuniu os povos dos territórios que podem ser afetados pela instalação da Carcinicultura nos Campos Alagados do Maranhão; comunicadores populares; movimentos e associações; jornalistas de veículos de imprensa tradicionais e independentes; entre outros interessados no assunto.
Segundo Carla, com o decreto 38.606, de 19 de outubro de 2023, que cria os Polos Potenciais de Desenvolvimento da Carcinicultura do Maranhão (Podescar I), assinado pelo governador Carlos Brandão, abre espaço “para a consolidação de um projeto de morte contra populações da baixada maranhense”.
O Podescar I é o mesmo que pode ser implantado nos municípios de Anajatuba, São João Batista e Viana.
Fernanda ressaltou que “ao contrário do que o governo alega, essa atividade é predatória, e em nada beneficia a população onde são instaladas”.
A ativista do movimento Campo Vivo destacou que “a carcinicultura não gera renda e nem emprego para o povo, ela beneficia apenas o empresário dono desse negócio”.
Para Dona Edna, “a atividade traz danos socioambientais”. Ela reafirmou que “a presença de tanques de criação de camarões contamina principalmente as águas, porque a ração que é utilizada na alimentação desses crustáceos e os produtos químicos usados dentro dos tanques são tóxicos para peixes e outros animais”.
O outro lado
A Agência Tambor entrou em contato com a assessoria do governo do Maranhão para saber sua posição , em relação ao referido decreto e a carcinicultura. Não tivemos retorno até o fechamento dessa matéria, no entanto o espaço permanece aberto.
(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Fernanda Serejo, Edna Ramos e Carla Dias)