Segundo o arcebispo de São Luís Dom Gilberto Pastana, “a sociedade e organizações precisam se empenhar para que se consiga o maior número possível de assinaturas na campanha pela criação da lei contra a pulverização aérea de agrotóxicos no Maranhão”.
Essa fala foi feita durante entrevista ao Jornal Tambor de segunda-feira (09/12). O arcebispo é o atual presidente da Regional Nordeste 5, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Na oportunidade, Dom Pastana falou sobre a mobilização da campanha para coletar assinaturas com o objetivo de criar um Projeto de Lei que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos.
São necessárias 37.497 assinaturas para que isso se realize. O município de São Luís tem uma responsabilidade a mais na participação já que é o maior eleitorado, somando o total de 5% de votos do Estado. Com as assinaturas validadas, todas serão encaminhadas para a Assembleia Legislativa do Maranhão.
Os formulários de assinaturas estão disponíveis nas secretarias paroquiais dos municípios. É preciso que o apoiador preencha todos os campos do formulário, principalmente os dados eleitorais.
(Veja, ao final deste texto, a entrevista de Dom Pastana na íntegra)
O uso indiscriminado de agrotóxicos no estado continua sendo um problema tenebroso para diversas comunidades tradicionais do Maranhão.
Utilizado em atividades agrícolas e pecuárias do agronegócio, a pulverização aérea prejudica a saúde e o meio ambiente.
Dom Gilberto disse que o maior problema enfrentado nessa luta é o modelo econômico instalado. Ele defendeu que com a aprovação da Lei, vai haver uma diminuição expressiva na pulverização e nas suas principais consequências.
“O principal fator que será minimizado serão as doenças ocasionadas por essa prática, a contaminação do ar, da água e da mata”, ressaltou o arcebispo.
Para o presidente da Regional Nordeste 5 da CNBB, a ambição desmedida continua sendo uma das piores causas para esse cenário desesperador que o estado passa hoje.
Ele completou: “A ganância é muito grande. Estamos destruindo o planeta, a casa comum com essa ânsia de querer tudo de imediato. A natureza tem sua lei, nós que devemos nos adaptar a ela. À medida que nós transformamos essa lei, devemos nos transformar no sentido de gerar vida e não lucro instantâneo”.
Dados
Dos 182 casos de contaminação de comunidades por agrotóxicos no primeiro semestre deste ano, apresentados pela Comissão Pastoral da Terra, no relatório semestral de violência no campo em todo o território nacional, 156 foram no Maranhão. A incidência desse tipo de caso aumentou quase dez vezes em relação ao mesmo período de 2023, quando 19 ocorrências foram registradas.
O estudo ainda registra o Maranhão como o estado que concentra hoje 85% dos ataques com agrotóxico às comunidades. Essas informações sobre conflitos no campo foram apresentadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) para registrar o Dia Mundial de Luta contra os Agrotóxicos e mostram o cenário da violência rural no país.
(abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Dom Pastana)