O povo Krepym Kateje, do Território Geralda Toco Preto, no município de Itaipava do Grajaú, no Maranhão, está cobrando o governo do Estado para que as crianças e adultos consigam estudar no local.
Segundo denúncias dos indígenas, está faltando tudo no território. Não tem escolas com uma estrutura adequada, faltam cadeiras de qualidade, bebedouros, quadros para dar aula, matérias escolares, piso, professores e merendas que, quando chegam para as crianças, são insuficientes.
De acordo com as reclamações, a escola que atende atualmente a comunidade, diante da demora do poder público, foi construída pelos próprios moradores, utilizando madeira e palha.
Existem relatos de que parte da escola já caiu, o que coloca em risco a segurança dos alunos e alunas.
O Jornal Tambor de quarta-feira (11/12) entrevistou Krykwj, Maisa e Eryka. Elas são integrantes do conselho da comunidade Esperança, do Território Geralda Toco Preto
(Veja, ao final deste texto, a íntegra da entrevista de Krykwj, Maisa e Eryka )
Krykwj disse que “é revoltante ver que o Estado nos ignora e não enxerga a nossa situação. Nosso povo está sem educação de qualidade há muito tempo. Estamos exigindo só o que é nosso por direito”
Maisa explicou que seus filhos, hoje, estão sem estudar porque não tem professores. Mas ela falou que “quando eles iam para a escola, não tinha nem o que comer”.
A indígena ressaltou que “até caderno, lápis e borracha não têm. É muito triste ver nossos filhos passarem por isso”.
Para Eryka, essa situação já dura demais e nunca melhorou. Afirma que, se não fosse a solidariedade dos próprios moradores -crianças, jovens e adultos, nunca teriam contato com a educação.
“Praticamente tudo que a gente tem hoje na nossa escola, veio de nossas casas: fogão, geladeira e por aí vai. Queremos uma escola digna para todos, com paredes, telhado e piso”, afirmou Erika.
Falta de estrutura mínima
As indígenas lembram que os alunos sofrem no inverno. A escola alaga, molha as cadeiras e o chão fica só lama, o que dificulta o aprendizado de todos.
Em relação ao verão, é o calor que predomina. Por conta de todo o cenário, professores e alunos reclamam da situação.
“Até agora nunca chegou nada pra gente, falta tudo, nós queremos melhorias. O que vem é somente uma merenda de péssima qualidade e muito pouca para alimentar todos os alunos. Não recebemos nada de recursos”, disse Erika.
O outro lado
A nossa equipe entrou em contato com o governo do Estado sobre essa denúncia do território Geralda Toco Preto.
A nota do Governo:
Fonte: Seduc
17/12/2024
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informa que a Terra Indígena Geralda Toco Preto, localizada no município de Itaipava do Grajaú, possui duas unidades escolares que atendem a um quantitativo de 40 estudantes, matriculados no Ensino Fundamental, em todo seu território. A Unidade Integrada de Educação Indígena José Porfírio de Carvalho atende 15 estudantes e a Unidade Integrada de Educação Escolar Indígena Timbira atende 25 estudantes na região.
Sobre a oferta de professores, a Seduc ressalta que contratou oito profissionais para atendimento da demanda existente nas escolas e, consequentemente, para que sejam cumpridos os dias e calendários letivos conforme estabelecidos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e na Lei de Diretrizes Nacionais Curriculares para a Educação Escolar Indígena. Além disso, a Seduc tem empenhado diversos esforços para garantir o atendimento às comunidades indígenas considerando suas especificidades. Desse modo, contrata professores de língua indígena, direito indígena e arte e cultura indígena para fortalecer o processo de escolarização indígena em todo território maranhense.
Com relação à alimentação escolar, o atendimento aos estudantes indígenas da Terra Indígena Geralda Toca Preto é realizado através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que busca garantir segurança alimentar e nutricional aos estudantes matriculados na Educação Básica, de acordo com o Censo Escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), no ano anterior de atendimento. A Secretaria reforça ainda que os valores repassados por Aldeias e as Caixas Escolares, as quais as Escolas Indígenas estão vinculadas, podem ser observados na Portaria nº 524, de 25 de julho de 2024.
(abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Krykwj, Maisa e Eryka)