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Tanques de guerra viram chacota de Norte a Sul do Brasil

Da Agência Tambor
Por Paulo Vinicius Coelho*
13/08/2021

A parada militar da última terça-feira (10) foi uma tentativa de Bolsonaro de demonstrar força e intimidar a Câmara, que no mesmo dia rejeitou o projeto de voto impresso, mas acabou virando piada nas redes sociais.

Na quarta-feira (11), o Jornal Tambor conversou com o historiador e professor da Universidade Federal do Maranhão, Wagner Cabral, sobre a repercussão do desfile de tanques, o papel dos militares no governo e outros aspectos da conjuntura política.

VEJA ABAIXO A ENTREVISTA

Também na terça-feira (10), o Senado aprovou o projeto que revoga a Lei de Segurança Nacional, herança da ditadura, assim como ‘’toda uma legislação autoritária que foi posta debaixo do tapete no processo de redemocratização e agora a experiência trágica do bolsonarismo e da pandemia despertam a sociedade para o assunto’’ comenta Wagner.

O professor acredita que o governo ‘’está alugando o Estado’’ para as Forças Armadas e acrescentou que ‘’os militares precisam ser responsabilizados pelos crimes cometidos na pandemia e pelos ataques contra a democracia.

‘’Não devemos continuar com o discurso do medo e do compromisso em jogar a poeira debaixo do tapete, porque um dia a história vai nos cobrar, como está nos cobrando hoje’’ adverte.

O jornal britânico The Guardian classificou o episódio de ontem como ‘’desfile militar da República de Bananas de Bolsonaro’’. Wagner Cabral apontou que a repercussão internacional foi a pior possível.

Internamente, a parada militar também não foi bem vista. Das 2,3 milhões de publicações em redes sociais analisadas pela Quaest Pesquisa, 93% faziam chacota ou críticas ao desfile.

As piadas ‘’desmoralizam, indicam o nível de isolamento vivido pelo governo e evidenciam a farsa’’. O que era pra ser uma demonstração de força, se tornou uma demonstração de fraqueza.

O professor alerta que o desfile é uma ‘cortina de ‘fumacê’ (em referência ao estado dos tanques que foram exibidos) para distrair a população e evitar a discussão sobre temas prioritários como emprego, inflação e vacina.

Wagner afirma que faltam condições objetivas para um golpe clássico, com tanques na rua. No entanto, ‘’o bolsonarismo continua corroendo a democracia’’ com fake news e ataques contra as instituições.

Ele comenta ainda que o riso e a troça foram importantes para essa derrota do governo, mas é preciso estar atento a uma preocupação mais ampla: colocar o impeachment de Bolsonaro na ordem do dia.

Por enquanto, a pauta está travada pelo presidente da Câmara Arthur Lira e pelo centrão, ‘’que está sendo alugado para evitar o impeachment e ao mesmo tempo está afinado ao projeto neoliberal de Paulo Guedes’’

O professor acredita que o país vai vencer o fascismo, ‘’mas o custo social, político e trabalhista é enorme’’. Wagner salientou que ‘’o bolsonarismo escancarou a realidade do Brasil’’ e revelou as máscaras que disfarçavam um país que sempre foi ‘’profundamente autoritário, racista e misógino’’

Wagner finalizou declarando que o bolsonarismo precisa ser derrotado todos os dias e ‘’essas pequenas vitórias precisam ser comemoradas nessa conjuntura que ainda é trágica’’.

* Com edição de Emilio Azevedo.

Veja abaixo a edição completa do Jornal Tambor, incluindo a entrevista com o historiador Wagner Cabral da Costa

https://youtube.com/channel/UCSU9LRdyoH4D3uH2cL8dBuQ

Ouça abaixo, pela plataforma Spotify, a entrevista que Wagner Cabral concedeu ao Jornal Tambor:

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