Por Paulo Vinicius Coelho
Da Agência Tambor
07/06/2021
Na sexta-feira (4), o suicídio de Luís Carlos Almeida, de 19 anos, em Porto Franco – MA, gerou revolta por conta da omissão das autoridades e da postura da população.
Jovem, negro, homossexual, Luís Carlos teve um surto psicótico, se despiu e andou por 2km pelo centro da cidade, até atentar contra a própria vida. As autoridades, assim como os populares, não intervieram.
Hoje (7), o Jornal Tambor conversou com o pesquisador e professor Thiago Viana. Ele comentou o caso Luís Carlos e a violência contra a população LGBTI+.
(VEJA ABAIXO A ENTREVISTA)
Thiago Viana relatou que Luís Carlos estava em situação de vulnerabilidade e sofria racismo e homofobia em Porto Franco. O pesquisador questionou a atuação do Centro de Referência de Assistência Social (CREAS) da cidade e enfatizou que Luis Carlos não estava sendo acompanhado devidamente por serviço psicossocial.
A Polícia Rodoviária Federal, que escoltou Luís Carlos durante o surto, divulgou uma nota afirmando que tentou intervir, mas o jovem teria recusado ajuda.
Thiago Viana advertiu que ‘’uma pessoa que está tendo surto psicótico não tem como responder, é preciso garantir a integridade física’’.
A Secretária de Diretos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP) do Maranhão também está acompanhando o caso.
Thiago Viana contou que o Ministério Público, via Núcleo de Promoção da Diversidade, enviou oficio à Promotoria de Justiça de Porto Franco solicitando a criação de um procedimento para ouvir os envolvidos.
Além de responsabilizar as autoridades negligentes, é possível que um inquérito ouça os populares que divulgaram vídeos e zombaram de Luis Carlos.
Thiago Viana destacou que o cenário de preconceito contra a população LGBTI+ levanta a necessidade de uma educação voltada para o desenvolvimento do cidadão e para a percepção de que todas as pessoas merecem respeito.
Ele acrescentou que os servidores da justiça precisam ter formação nas questões de gênero, de LGBTI+, de pessoas com deficiência e outros assuntos relativos à diversidade.
Thiago também citou a importância de políticas publicas contra o preconceito, além do atendimento psicossocial com recortes específicos voltados para pessoas com vulnerabilidades, incluindo a comunidade LGBTI+.
Segundo o pesquisador, ‘’todo suicídio de pessoa LGBTI por conta de lgbtfobia, não é exatamente um suicídio, é um assassinato por omissão do Estado.’’
Veja abaixo a edição completa do Jornal Tambor, com a entrevista de
Thiago Viana:
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