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Serrarias no Maranhão são cúmplices do crime organizado

Serrarias no Maranhão são cúmplices do crime organizado o coordenador do Conselho Indigenista Missionário do Maranhão (CIMI-MA), Gilderlan Rodrigues, defendeu o fechamento das serrarias que utilizem madeira ilegal, extraída do Território Indígena de Arariboia, no Maranhão.

A declaração foi feita durante uma entrevista à Rádio Tambor e ao TamborCast nesta segunda-feira (4), dois dias depois do líder indígena Paulo Paulino Guajajara ter sido assassinado por madeireiros na região.

Por ser regularizado, Gilderlan ressalta que a segurança dentro do território é de responsabilidade federal, mas que o Governo do Estado também poderia cumprir o papel de proteger o entorno – que abrange os municípios de Grajaú, Bom Jesus das Selvas, Amarante, Arame e Buriticupu.

“Ele [o Governo do Estado] poderia intervir fechando as serrarias próximas das terras indígenas, porque é alí que começa o processo, e fiscalizar elas e os caminhões que transportam madeira. Senão, essas serrarias vão continuar funcionando e os madeireiros vão continuar invadindo”, afirmou o coordenador.

Com uma área de 413 mil hectares, o Território Indígena de Arariboia sofre há muitos anos com a invasão dos madeireiros. “Os indígenas denunciaram sempre. Operações têm sido feitas, mas não surtiram o efeito que se esperava”, expôs Gilderlan. Em 2007, o Governo Federal chegou a gastar R$2 mi em uma operação para expulsar os madeireiros, mas eles voltaram a invadir quando ela chegou ao fim.
Paulo Paulino fazia parte do povo Guajajara, que vive em Arariboia.

A liderança era um guardião da floresta, grupo que surgiu em 2017 para proteger o território dos madeireiros – em resposta à ineficácia do Estado. Na última sexta-feira (1), Paulo foi executado a tiros por invasores. O indígena Laércio Guajajara também foi atingido, mas sobreviveu. Justamente por cuidarem da segurança do território, Gilderlan constata: “eles estavam com a cabeça a prêmio”.
“A força tática foi emblemática ao falar que os indígenas sofreram uma emboscada”, conta o coordenador do CIMI. Ele conta que não houve confronto: as lideranças haviam ido às lagoas do local conhecido como ‘Coração da Mata’ para caçar e alimentar suas famílias – um comportamento compartilhado por gerações.

Força-tarefa

Para prevenir esse tipo de acontecimento, o governador do Maranhão, Flávio Dino, anunciou nesta segunda a criação de uma força-tarefa para criar uma ponte entre os protetores da reserva e os órgãos federais, assim como como aumentar a fiscalização da área ao redor das reservas por parte da polícia estadual.

O representante do CIMI aposta que tal medida tende a ser efetiva. Porém, uma plano de vigilância permanente dentro do território, como a instalação de bases de segurança e apoio aos guardiões da floresta, seria o ideal. A medida só poderia ser tomada pelo Governo Federal.

Segundo o CIMI, até agora, 2019 já conta com 160 invasões de traficantes de madeira ou exploradores ilegais – 44% a mais em relação ao total de 2018. Diminuir a demarcação de terras indígenas e aumentar a exploração delas foram promessas parte da campanha do atual presidente da República, Jair Bolsonaro.

Evento

Com o objetivo de trazer a temática indígena à tona, Seminário Etnogênese ‘Somos sementes teimosas: povos insurgentes no Maranhão’ acontecerá a partir das 8h dos dias 6 e 7, no Auditório Prof. Sérgio Ferretti, CEB Velho da Universidade Federal do Maranhão. Estarão presentes representantes dos povos Akroa Gamella, Tremembé do Engenho e Krenyê. As inscrições podem ser feitas no local do seminário.

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