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Sentença de morte no Maranhão! Mais de 360 famílias ameaçadas de despejo

Trator desmatando comunidade Coruja, Território Campestre, onde moram algumas das famílias tradicionais ameaçadas no Maranhão. Crédito: imagem registrada pela comunidade

Mais de 360 famílias estão ameaçadas de despejo, no município de Timbiras, no Maranhão. Elas vivem no território Campestre e poderão ficar desabrigadas a partir de uma sentença concedida no último dia 15 de maio.

A decisão determina a reintegração de posse de 2.189,58 hectares, que abrange as localidades de São Francisco e Cearenses. A medida impõe um prazo de 48 horas, a partir da ciência da decisão, para que as famílias saiam das terras, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00.

Segundo denúncia da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o despejo das centenas de famílias maranhenses favoreceu “o Grupo Mendes, com atuação nos setores agropecuário e de revenda de combustíveis”.

A Pastoral, que tem vínculo com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tratou do assunto e em seu site oficial, afirmando que “a expulsão de centenas de famílias tradicionais, parte de uma decisão judicial controversa”.

A Agência Tambor também tratou do assunto na segunda-feira (19/05), em entrevista com Maria de Jesus (Dijé) e Ismael Rocha da Cunha, moradores das comunidades ameaçadas.

(Veja no final desta matéria a integra da entrevista com Maria de Jesus (Dijé) e Ismael Rocha da Cunha, moradores das comunidades ameaçadas.)

Maria de Jesus declarou que a medida pode ser considerada uma sentença de morte para os moradores da região “imaginar que tudo que a gente tem construído aqui pode ir embora, porque se acontecer mesmo esse prazo dessa liminar que é em 48 horas, que deus livre as pessoas vão até morrer”, afirma.

O INCRA manifestou interesse social pela área, mas a ausência de um parecer conclusivo sobre as tentativas de regularização fundiária agrava os conflitos que se arrastam há mais de 20 anos.

A comunidade denuncia ainda situações de assédio, intimidação e conduta violenta causadas por cinco homens, responsáveis por desmatar uma extensa faixa de mata nativa sem a presença de oficiais de justiça ou agentes do Estado e ausência de diálogo com a empresa.

Ainda segundo Maria de Jesus, o processo violenta os modos de vida da comunidade e tem adoecido os moradores que enfrentam dificuldades para dormir em um estado permanente de preocupação e revolta.

Ela diz que “eles estão violentando o nosso modo de vida, porque aqui já estamos circulado pelo agronegócio, dos fazendeiros que ficam colocando veneno que já fica atingindo a nossa nascente, tem pessoas doente por conta do veneno”.

Para os moradores, o caminho para resolução do conflito compreende a suspensão imediata da decisão judicial, realização de vistorias pelo INCRA nas comunidades, antecipação em caráter de urgência da inspeção prevista na decisão judicial para 5 de agosto para análise das condições da área.

“Uma das primeiras coisas que poderia ser feita era o INCRA fazer a parte dele. Desde de abril do ano passado que eles agendaram uma vistoria, se eles tivessem feito, talvez esse conflito nem tivesse acontecendo”, conclui Ismael Rocha.

Outro lado

A Agência Tambor entrou em contato com o Grupo Mendes para saber sua posição sobre o assunto. Até o fechamento desta matéria não obtivemos retorno.

Assim que a empresa se pronunciar sobre o tema, a matéria será atualizada.

Confira na íntegra a entrevista do Dedo de Prosa com Maria de Jesus (Dijé) e Ismael Rocha da Cunha, moradores das comunidades ameaçadas.

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