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Sarney chama fundador do Jornal Pequeno de chantagista.

José de Ribamar Bogéa foi caluniado por José Sarney

A importância da memória social é ressaltada em diferentes áreas de estudo, além da historiografia. Por isso, temos museus, bibliotecas, cursos, pesquisas, debates.

Tratamos nessa pequena matéria de fatos ocorridos há mais de 50 anos. Eles resultaram em uma recente acusação, em uma covardia absoluta, uma calúnia registrada em livro.

A jornalista Regina Echeverria lançou em 2011 o livro “Sarney – a biografia”. Autorizada, estimulada e propagada pelo biografado, a obra teve ampla divulgação no Brasil.

Na página 186 do trabalho de Regina, José Sarney ataca violentamente a memória do jornalista José de Ribamar Bogéa, fundador do Jornal Pequeno, periódico de São Luís, que começou a circular em 1951.

Sarney diz que Bogéa foi um chantagista. E diz que teria sido uma chantagem o motivo do Jornal Pequeno, sob o comando do seu fundador, não ter se submetido a sua máfia-oligárquica.

A covardia se torna maior, quando lembramos que a pessoa atingida já havia falecido há 15 anos. A vítima não pôde se defender.

O livro a serviço de Sarney é de 2011. José de Ribamar Bogéa faleceu em 4 de março de 1996, aos 71 anos.

Aqui é importante ressaltar. Quem conhece minimamente a história recente do Maranhão percebe que o livro em questão é uma reunião de patranhas.

A calúnia

Regina Echeverria lembra que o Jornal Pequeno havia apoiado a candidatura de José Sarney ao governo do Maranhão, em 1965. A mesma Regina diz que após Sarney se eleger e tomar posse, o jornalista e fundador do JP “resolveu cobrar a conta”.

Segundo a versão bancada pelo oligarca, Bogéa “entrou no gabinete de Sarney falando grosso e exigindo que o governador comprasse uma casa de sua propriedade”.

Em seguida, o livro narra um suposto diálogo entre Sarney e José de Ribamar Bogéa.

Trecho do livro “Sarney – a biografia” onde Bogéa é atacado

Na versão de Sarney, ele próprio teria dito ao jornalista: ” Eu não vou comprar. Só faço as coisas legais aqui. Não me submeto a você fazer chantagem comigo”.

Em seguida, diante da versão de Sarney, o livro afirma que Bogéa teria respondido ao então governador: “pois então eu vou arrebentar com você”.

Processo na Justiça

“José de Ribamar Bogéa cumpriu um papel muito importante. Em plena ditadura, garantiu a minha liberdade de expressão. Eu, que naquele momento era apenas um servidor público do Estado, num confronto com um governador, que era o representante de uma ditadura”.

A afirmação acima é do ex-deputado federal Domingos Freitas Diniz, em entrevista concedida ao Jornal Vias de Fato, em abril de 2012.

A referida entrevista tratou de vários assuntos da história recente do Brasil e, particularmente, do Maranhão. O fundador do Jornal Pequeno foi citado, exatamente, por conta da acusação caluniosa que Sarney fez contra ele, em livro publicado um ano antes.

Nessa entrevista, Freitas foi em defesa do jornalista. “Sarney brigou com Bogéa por conta do espaço que ele abriu no Jornal Pequeno para os meus artigos. Isso é público e notório”.

Freitas Diniz e José de Ribamar Bogéa foram processados por José Sarney, por conta desses artigos publicados no Jornal Pequeno. Isso em plena ditadura militar, quando Freitas era oposição ao regime e Sarney estava a serviço dos militares.

Em 1991, Domingos Freitas Diniz publicou um artigo no Jornal O Imparcial, intitulado “Os 40 anos do Jornal Pequeno”. Nesse texto, o ex-deputado lembrou uma entrevista que Sarney deu para Boris Casoy, no SBT. Na ocasião, o oligarca mais uma vez mentiu, dizendo que nunca havia processado um jornal ou um jornalista.

José de Ribamar Bogéa não foi um chantagista. E José Sarney, famoso ex-candidato a faraó, é mentiroso, recorrendo várias vezes a covardia.

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