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São Luis acolhe trabalhadores do campo para o Congresso Nacional da CPT

Maranhão lidera o ranking nacional de conflitos por terra Imagem; arquivo CPT

A capital maranhense é sede 5º Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), este ano. Infelizmente, a escolha não se deu pelas melhores notícias: a definição de São Luis para o encontro tem relação direta com o alto índice de conflitos agrários no estado.

Em 2024, o Maranhão lidera o ranking nacional, com 363 registros de conflitos por terra, segundo levantamento da própria comissão.

Sendo assim, para avaliar e discutir o cenário, entre os dias 21 e 25 de julho, sob o tema “CPT 50 anos – Presença, Resistência e Profecia” e o lema “Romper Cercas e Tecer Teias: A Terra a Deus Pertence!”, o evento reúne agentes da CPT de todo o país, além de povos indígenas, comunidades quilombolas, ribeirinhas e trabalhadores do campo, das águas e das florestas.

A atividade também marca o jubileu de 50 anos da entidade.

“A CPT nasceu em 1975, em meio à ditadura, para acolher os trabalhadores rurais perseguidos e violentados. Celebrar os 50 anos da Pastoral em um estado que ainda carrega tantas cicatrizes é também reafirmar nosso compromisso com a luta desses povos”, afirmou Maria Petronila, da coordenação nacional da CPT, em entrevista ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor.

[Confira a entrevista na íntegra ao final desta matéria .]

O congresso também será espaço para lançamento do Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro, um documento inédito que sistematiza dados de 39 anos de violações e resistências. “O atlas é uma vergonha para o Estado brasileiro. Mostra que, apesar de uma Constituição bonita, os direitos dos trabalhadores continuam sendo desrespeitados”, pontuou Maria.

Durante os cinco dias de programação, haverá momentos de escuta com representantes dos territórios, partilha de experiências de resistência e feiras com produtos das comunidades. “O protagonismo é dos camponeses e camponesas. A CPT está a serviço dessas pessoas”, destacou a coordenadora.

A noite do terceiro dia será dedicada à memória dos mártires da luta pela terra, com uma caminhada aberta ao público. “São pessoas que doaram a vida por um bem comum. A celebração é um momento de espiritualidade profunda e ancestralidade. Nossa luta também é por manter viva a memória de quem tombou”, disse Maria, citando o caso do quilombola Edivaldo Pereira Rocha, assassinado no interior do Maranhão.

Para a CPT, os conflitos no campo tendem a se intensificar. “Não dá mais para esperar pelo Estado. O povo vai ter que fazer a reforma agrária com as próprias mãos. As cercas hoje não são só de arame: são leis e políticas que servem ao latifúndio e dificultam o acesso à terra”, criticou Maria, ao comentar projetos de lei que flexibilizam regras ambientais.

O Congresso será realizado no IEMA, no Centro de São Luís, com expectativa de reunir mil participantes. “Romper cercas e tecer teias é fortalecer redes de solidariedade, criar alternativas próprias. O Maranhão tem experiências valiosas para mostrar ao país”, concluiu Maria Petronila.

A entrevista completa com Maria Petronila foi ao ar no programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor, confira.

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